Por Eduardo Geraque
Cidade mais integrada, com mais gente vivendo perto do metrô e dos corredores de ônibus, além de áreas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental.
Todas essas intenções estão listadas no Plano Diretor de São Paulo, que acaba de ser aprovado na Câmara.
Mas como fica isso na prática? Em concurso, arquitetos fizeram propostas reais para a capital paulista, a partir dos objetivos do nova legislação, que guiará o crescimento da cidade por 16 anos.
Encerrada em março, a concorrência foi promovida pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) de São Paulo em conjunto com a prefeitura. Para sair do papel, as propostas dependem de recursos e da decisão do poder público.
Entre os projetos vencedores, está o renascimento de um córrego em plena Bela Vista (região central de SP), que pode ser cercado por parques, casas e prédios altos de poucas garagens.
Outra ideia altera a paisagem de vias, como a av. Rebouças e a rua Estados Unidos, nos Jardins (zona oeste).
Trata-se de erguer prédios de até oito andares que ocupem quase todo o quarteirão. No térreo, comércio e lojas. Acima, casas ou escritórios.
O projeto do arquiteto Silvio Oksman para os Jardins recebeu menção honrosa. "A infraestrutura urbana dali precisa ser melhor aproveitada. É possível fazer projetos que envolvam áreas mistas [comércio e residências]", diz.
Segundo ele, outros bairros poderão receber prédios semelhantes no futuro, como Alto de Pinheiros, Alto da Lapa e Butantã, na zona oeste.
Já o projeto dos arquitetos Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma prevê que córregos e nascentes hoje escondidos sejam "destampados". "Recursos hídricos e nascentes não podem ficar tamponadas", diz Yamato.
"Eles precisam ser considerados no projeto de cidade, porque essas áreas melhoram a qualidade do ar, diminuem a poluição e também tornam a qualidade de vida melhor", argumenta.
Segundo Tânia, o projeto reabriria o córrego que atravessa o Bixiga (centro), perto de áreas com moradias de baixa qualidade, na r. Rocha.
"Nosso mapeamento mostra que existem milhares de nascentes na cidade que podem passar pelo mesmo processo", afirma a arquiteta.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo