Por André Monteiro, da Folha de S. Paulo.
A ampliação do rodízio de veículos para o dia todo divide os paulistanos, aponta nova pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16 de julho.
A medida foi implantada em caráter excepcional cinco vezes durante a Copa, depois que o segundo jogo do Brasil, no dia 17 de junho, provocou 302 km de congestionamento, o terceiro maior da história da cidade.
Em vez de a restrição valer nos horários de pico (das 7h às 10h e das 17h às 20h), como é habitual, ela vigorou das 7h às 20h nesses cinco dias.
Segundo o Datafolha, são favoráveis a esse modelo 49% da população, enquanto 45% são contra. As duas posições estão tecnicamente empatadas, pois a margem de erro é de três pontos percentuais.
Foram ouvidas 1.047 pessoas maiores de 16 anos.
Outros 5% se disseram indiferentes à situação, e 2% não têm opinião sobre o tema.
Entre os que têm o carro como meio de transporte mais frequente, são favoráveis 40% e contrários, 57%. A maioria dos que usam transporte público é a favor: 60% entre usuários de peruas, 52%, de ônibus e 50%, de
metrô.
O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, diz ser favorável à mudança. Ele afirma que a gestão Fernando Haddad (PT) não tomou nenhuma decisão ainda, mas admite que a Copa serviu de laboratório de testes – cujos resultados foram positivos, diz.
A posição, porém, é polêmica na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Técnicos ouvidos pela Folha afirmam que simulações do rodízio ampliado não apontam melhora no longo prazo. Um dos problemas, dizem, é a impossibilidade de programar o uso do carro ao longo do dia.
Especialistas também avaliam que ampliar a restrição não resolveria e ainda poderia estimular a compra de um segundo veículo. "Melhor seria investir no transporte público", diz Ulysses Carraro, ex-diretor da Artesp.
Segundo técnicos da CET, estudos indicam que a melhor opção é ampliar a área do rodízio. A empresa chegou a planejar estendê-lo para 371 km de vias fora do centro expandido em abril, mas a prefeitura suspendeu a medida.
Outra pesquisa do Datafolha, de junho, apontou que 61% dos paulistanos eram a favor desse formato e 32% eram contra. (ANDRÉ MONTEIRO)
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.