Consórcio quer rodízio imediato no Cantareira

Ideia é alternar uso entre indústria, cidade e agricultura para evitar o colapso no abastecimento; Rio Paraibuna chega a nível de alerta

Para evitar um colapso no sistema, o Consórcio das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) propõe um esquema imediato de rodízio na captação de água entre indústria, municípios e agricultura no Sistema Cantareira. Cada setor faria a o uso em um determinado período do dia. A proposta será oficializada na próxima semana. Anteontem, o Paraíba do Sul – considerado estratégico pelo governo paulista para contornar estiagens no Sistema Cantareira – chegou ao nível de alerta. 

Para o PCJ, a gravidade da crise hídrica no Estado obriga a adoção de restrições para evitar que em pouco tempo comece a faltar água para alguns setores. A ideia –como adiantou o Estado anteriormente – é inspirada no sistema de “alocação de água” do Ceará, onde a população já está acostumada a conviver com rios que secam durante um período do ano. 

Pelos estudos do consórcio, as chuvas na região deverão ser normalizadas só em 2016, enquanto que a recuperação do volume do Sistema Cantareira tem um prazo ainda mais alongado para ser resolvida, que leva até os anos de 2019 e 2024. 

Além de abastecer o Cantareira, os rios do consórcio são utilizados ainda por mais de 40 cidades e 31 empresas, além de muitas propriedades rurais. Para o órgão, ou se faz o rodízio ou muita gente ficará sem água se todos continuarem usando simultaneamente. 

Se o projeto for colocado em prática, cada tipo de usuário teria um determinado horário do dia para captar as águas dos rios. Isso evitaria que os usuários rio abaixo sejam afetados nos próximos dias, uma vez que as cidades vêm captando quase toda a água e acabará não sobrando para os demais.

Os consorciados já foram avisados e falta colocar a proposta em votação. A medida também colaboraria para que o Cantareira, hoje já com seu volume normal esgotado, ganhasse fôlego. 

Paraibuna

O Rio Paraibuna, responsável por 61% dos reservatórios da Bacia do Rio Paraíba do Sul, registrou a maior baixa dos últimos 10 anos, atingindo 18% de sua capacidade anteontem. O pior cenário foi registrado em 2003, quando chegou a 13%. A baixa acendeu o alerta entre especialistas hídricos, que preveem que até novembro deste ano o índice possa atingir 10% de sua capacidade total. 

Se a seca no Paraibuna persistir, o problema poderá afetar a ideia do governo do Estado de transpor parte das águas do Rio Paraíba do Sul para o Complexo Cantareira, com a transposição entre as Represas Jaguari (que registra 42% de sua capacidade), em Jacareí, e Atibainha. Além disso, os especialistas alertam para a possibilidade de faltar água em algumas cidades no Vale do Paraíba que dependem do Rio Paraíba do Sul. 

O Rio Paraibuna, localizado na cidade de mesmo nome, na região de São José dos Campos, é responsável pela geração de energia e abastecimento de água nas cidades do Vale do Paraíba paulista e do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Edilson Andrade, geólogo do Comitê de Bacias do Vale do Paraíba, o cenário é dos piores já registrados nos últimos anos. “Teremos de adotar medidas de economia e campanhas contra o desperdício, para que possamos passar os próximos anos, que serão muito difíceis”, ressaltou.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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