Por Agência Brasil
Na 79ª posição no ranking internacional de desenvolvimento humano em 2013, o Brasil registraria posição pior se a desigualdade social fosse incluída no cálculo. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o país perde 16 colocações com o ajuste do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pela desigualdade.
De acordo com o Pnud, o IDH do país cairia 27%, de 0,744 para 0,542 por esse critério, fazendo o Brasil passar para a 95ª colocação no ranking global, que tem 187 países. Divulgado hoje (24), o IDH ajustado pela desigualdade social segue os mesmos parâmetros do IDH tradicional, mas desconta a desigualdade na renda, na educação e na expectativa de vida da população.
No caso do Brasil, a maior desigualdade ocorre na renda, com 39,7% de diferença média entre ricos e pobres. Os índices correspondem a 24,7% para a educação e a 14,5% na expectativa de vida. Os valores são maiores que a média da América Latina e do Caribe, com desigualdade de 36,3% na renda, 22,2% na educação e 13,2% na expectativa de vida.
“O Brasil tem uma trajetória de progresso acumulada durante anos, mas ainda tem muito a fazer. Mesmo com a redução da pobreza nos últimos anos, o Brasil continua desigual”, diz o representante residente do Pnud no Brasil, Jorge Chediek. De acordo com o órgão, a cada ano, o país tem reduzido o impacto do cálculo da desigualdade no IDH. Em 2006, a nota brasileira tinha sido diminuída em 29,6% após o ajuste.
Em outros países do Brics, grupo das principais economias emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as formas de desigualdade são diferentes do Brasil. Na Índia, a principal fonte de desigualdade social está na educação, com índice de 42,1%, enquanto a diferença média de renda corresponde a 16,1%. Na Rússia, o índice de desigualdade de renda está em 22,9%, mas praticamente não há disparidade na educação, cujo indicador de desigualdade é de apenas 2,1%. Por falta de dados com padronização internacional, China e África do Sul não tiveram o IDH ajustado pela desigualdade calculado.
De acordo com a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andréa Bolzon, o IDH ajustado complementa a análise do IDH. Ela, no entanto, esclarece que a inclusão da desigualdade no cálculo permite melhor representação da realidade. “O IDH tradicional só reflete a média [de um país]. O IDH ajustado pensa em oferecer uma análise a mais, um índice de apoio, mas o índice tradicional não deve ser deixado de lado”, explica.
A Argentina seria o país da América Latina cujo IDH seria menos impactado pelo ajuste do índice pela desigualdade, com queda de 15,8% na nota (de 0,808 para 0,680). O país vizinho tem índices de desigualdade de 9,3% para a expectativa de vida, 8,6% para a educação e 28,1% para a renda. No Chile, país latino-americano com maior IDH pelo critério tradicional (0,822), a nota cairia 19,6% com o ajuste, com desigualdade de 5,9% na expectativa de vida, 13,7% na educação e 36% na renda.
A menor perda de nota seria registrada na Finlândia, cujo IDH cairia apenas 5,5% com o ajuste de desigualdade (de 0,879 para 0,830). O país mais prejudicado seria Serra Leoa, na costa oeste da África, com queda de 44,3% (de 0,374 para 0,208). De acordo com o Pnud, 42 países não tiveram o IDH recalculado pela desigualdade social por falta de dados internacionais.
Matéria publicada originalmente no Jornal do Brasil.