Por Mariana Missiaggia
Apesar de todos os alertas, os fatores responsáveis por acidentes no trânsito muitas vezes são ignorados pelos motoristas. Álcool, velocidade, distrações ao volante e mau uso dos equipamentos de proteção são os principais responsáveis por mortes e ferimentos no trânsito. Números oficiais indicam que a cidade tem uma média de três vítimas fatais por dia no trânsito. Empenhado em mudar essa realidade, o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) coordena o movimento Maio Amarelo com a proposta de advertir sobre os índices de mortes ao volante.
A cidade de São Paulo tem hoje uma frota com 5,4 milhões de veículos. Os quatro fatores de risco detalhados pelo Observatório são: bebidas; alta velocidade; distrações como sonolência e uso de celular; e equipamentos de proteção usados de forma inadequada ou não utilizados, como o cinto de segurança, o capacete e a cadeirinha para as crianças.
Segundo Daniela Gurgel, assessora de comunicação da ONSV, o movimento é um convite à reflexão da segurança viária e à mobilização da sociedade diante dos órgãos do governo, de empresas e de instituições. "Queremos discutir o tema, realizar ações e abordar toda a amplitude que o assunto exige nas mais diferentes esferas. Nosso maior desafio é não deixar o assunto ser esquecido e continuar a propor ações, difundir comportamentos seguros, além de manter o tema na mídia e na memória de cada cidadão. A ideia é que a população tome o assunto para si e saia discutindo", disse Daniela Gurgel.
Amarelo
Em relação ao nome do movimento, maio é o mês que marcou o início das atividades e, no dia 11 de maio de 2011, a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito, assim, o mês se tornou a referência mundial para o balanço das ações que o mundo inteiro realiza. O amarelo simboliza a atenção e também a sinalização de advertência no trânsito.
Dentre as ações do Maio Amarelo está a agenda positiva que determina um tema para ganhar repercussão em cada mês do ano. Agosto, por exemplo, é o mês do ciclista. Setembro é o do pedestre. Portanto, até o dia 31 desse mês, o movimento realiza palestras, abordagens a ciclistas e condutores nas ruas explicando a importância do uso de equipamentos, do respeito entre os vários tipos de transporte e lança alertas nas redes sociais. O método é parecido com o da campanha Outubro Rosa, de conscientização sobre o câncer de mama.
Vítimas
Com o quinto pior trânsito do mundo, a cidade de São Paulo registrou em 2013, 1.152 mortes no trânsito, em que 81,3% dessas vítimas foram homens. Os atropelamentos representaram 44,6% dos óbitos, com 514 vidas perdidas. Entre as 32 subprefeituras de São Paulo, a Subprefeitura da Sé, no Centro, registrou o maior número de mortes em acidentes de trânsito em 2013, segundo um relatório da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Com 61 óbitos, a Sé é seguida por: Lapa e M'Boi Mirim (60) e Itaquera (56).
Considerando as cinco regiões da Capital, a zona leste foi a que concentrou o maior número de mortes no ano passado, com 337 – 29,3% do total. Destas, 52,8% foram causadas por atropelamentos.
Costumes
Para Daniela, esse diagnóstico é importante e mostra como o tema deve ser tratado em cada município. "O assunto deve ser tratado de forma plural. É claro que existem situações básicas, mas cada município tem um funcionamento. O ideal é enxergar as características do lugar e trabalhar a localidade, os costumes locais. Por exemplo, muitas cidades têm a bicicleta como meio de deslocamento, enquanto outras ainda não a veem como possibilidade real de transporte", explicou.
Em São Paulo, o número de mortes no trânsito em 2013 teve uma queda de 6% em relação ao ano de 2012. Ainda assim, Daniela afirma que não podemos comemorar. "O número de mortes diminuiu porque houve alto crescimento de pessoas com sequelas. Houve mudança nas características dos acidentes. Isso se dá devido a algumas medidas, como a redução no limite de velocidade máxima em algumas vias, como a Avenida Paulista, por exemplo, que passou de 60 km/h para 50 km/h". Segundo Daniela, o congestionamento, muito presente na capital paulista, tem também o seu lado positivo em relação ao número de acidentes, pois reduz a velocidade dos veículos e desperta a atenção dos motoristas.
Matéria originalmente publicada no jornal Diário do Comércio