Padrão para medir poluição precisa mudar no país

Se nesta quinta-feira, 14, faltam motivos para celebrar o Dia do Combate à Poluição, sobram razões para acionar o sinal vermelho. A poluição atmosférica deve matar 250 mil pessoas nos próximos 16 anos, segundo estimativas de estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo). Pessoas com problemas respiratórios e crianças  com menos de cinco anos devem ser os mais atingidos.

“Mais do que assombrar, esse números podem ser utilizados para alertar o poder público sobre a necessidade de medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar”, afirma Evangelina Vormitagg, doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da USP, e uma das autoras da pesquisa.

Segundo a pesquisadora, o objetivo é incentivar a adoção de medidas que tornem o ar da cidade mais respirável. “Uso de energia limpa no transporte, redução na frota de carros, ciclovias e faixas de ônibus podem ajudar e reduzir os danos à saúde da população e os gastos governamentais.”

Mudança de padrão

Para especialistas, o padrão brasileiro de medição da poluição mais brando que o indicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é um dos maiores problemas. “Se os medidores de São Paulo indicando boa qualidade do ar estivessem na Europa, apontaria qualidade horrível”, alerta Mauricio Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo. “Políticos resistem porque, se mudar padrão, a poluição das cidades vai aparecer, mas o problema funciona como uma doença, se não tivermos um bom diagnóstico não há como tratar”, diz Vormitagg.

Redução de veículos

Em grande cidades, carros particulares são responsáveis por 90 % da poluição do ar. Medidas simples podem contribuir para reduzir a frota. Por exemplo, incentivar o uso compartilhado de automóveis. Há casos de empresas que já fazem isso organizando as rotas de seus funcionários. Condomínios também podem fazer o mesmo.

Parques

Muitos parques seriam necessários para tornar o ar de SP mais respirável. A cidade tem 2,6 metros quadrados de área verde por habitante. Segundo a OMS, o ideal é ter 12 metros quadrados de área verde por habitante. Uma alternativa para a falta de espaço para árvores são os tetos verdes.

Ciclovias

A expansão das ciclovias em São Paulo é um fato. Prefeitura promete entregar 400 quilômetros até o final de 2015. Até o momento, ciclistas contam com 82, 41 quilômetros na cidade. Mas, todas as vias devem estar integradas a terminais de ônibus e estações de metrô para viabilizar o uso da bicicleta como meio de transporte.

Transporte coletivo

São Paulo precisa de 500 km de linhas férreas, mas até o momento somente 76 km saíram do papel. Neste cenário, investir no ônibus torna-se uma prioridade. Mas, além de faixas exclusivas e corredores, que atendem a questão da mobilidade, é preciso pensar no combate à poluição, e para isso é preciso investir no uso de combustíveis limpos.

Matéria originalmente publicada no jornal Metro.
 

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