De acordo com pesquisa Datafolha, crise hídrica é conhecida por 99% da população. Em todo o Estado, percentual dos que afirmam ter sofrido desabastecimento é o mesmo que em junho.
Por ARTUR RODRIGUES E HELOISA BRENHA, da Folha de S. Paulo.
Pesquisa Datafolha aponta que 46% dos paulistanos dizem ter sofrido interrupção no fornecimento de água em casa nos últimos 30 dias.
O percentual é maior do que na pesquisa anterior, feita em maio, quando 35% relataram falta de água.
O crescimento está fora da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento atual foi realizado em 12 e 13 de agosto.
Considerando todo o Estado de São Paulo, 28% dos entrevistados relataram falta de água, ante 32% em junho, de acordo com outra pesquisa do Datafolha.
Essa variação está dentro da margem de erro.
Desde o início do ano, todo o Estado de São Paulo, e a região metropolitana em particular, vive uma grave crise hídrica, com a redução drástica do volume armazenado no sistema Cantareira.
De lá para cá, cresceram os relatos de falta de água, especialmente à noite.
O governo estadual reduziu a pressão com que a água é transportada para as casas, mas nega que a medida seja equivalente a um racionamento e que ela provoque as interrupções relatadas por parte da população.
No Estado, em cidades não atendidas pela Sabesp, 2,1 milhões de pessoas já vivem rodízio oficial com até dois dias sem água.
Segundo a última pesquisa, 28% dos paulistanos relataram ter sofrido interrupção no fornecimento em casa por cinco dias ou mais.
A maioria (51%), porém, afirma que não teve desabastecimento nenhum dia.
A crise é conhecida por 99% da população do Estado–57% se dizem bem informados sobre o tema e 34% mais ou menos informados.
ALCKMIN
De acordo com o Datafolha, é semelhante o percentual de entrevistados que aprova (28%) e desaprova (27%) a atuação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na condução da crise.
Os dados ajudam a entender porque a escassez hídrica não derrubou as intenções de voto do tucano, que lidera a corrida estadual com 55%, suficiente para dar-lhe a vitória no primeiro turno.
Os mais críticos à resposta do governo à crise são os mais escolarizados, onde a desaprovação cresce para 34%, e os mais ricos, com 35%.
A pesquisa Datafolha fez 2.045 entrevistas em 56 municípios do Estado.
O sistema Cantareira, principal abastecedor da Grande São Paulo, vive a maior crise de sua história. Na sexta (15), tinha 13,2% de seu volume.
Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo.