Por César Rosati
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta quarta-feira (27) que o plano que pretende ampliar o número de ciclovias na cidade é um "caminho sem volta". A declaração foi dada durante visita às obras de galerias de águas pluviais na zona oeste de São Paulo.
De acordo com o prefeito, o projeto, que pretende criar até o fim da gestão petista 400 km de vias segregadas aos ciclistas, custará aos cofres públicos cerca de R$ 80 milhões. Ou seja, cada quilômetro custará R$200 mil.
O plano cicloviário paulistano tem o preço equivalente ao quanto foi gasto para criar 300 km de faixas exclusivas de ônibus. Segundo Haddad, as vias segregadas aos coletivos custaram para a prefeitura algo em torno de R$ 100 milhões.
Para Haddad, a ampliação do número de ciclovias em São Paulo é uma política pública que dialoga com outras demandas da cidade e não só com a mobilidade urbana. "A maioria da cidade aprova as ciclovias. É um programa de saúde, de esporte (…) temos que mudar a realidade de São Paulo não recuar", disse o prefeito.
São Paulo tem 93 km de ciclovias, sendo 30 km criados durante a gestão de Haddad. No sábado passado, uma ciclovia de 4,4 km que liga, pela rua Vergueiro, o centro até a Vila Mariana, na zona sul.
A ciclovia foi implantada onde antes existia uma motofaixa e gerou críticas principalmente daqueles que usam moto para trabalhar.
Segundo o Sindimotos (sindicato da categoria), a prefeitura não levou em conta os motoboys da cidade para a ampliação das ciclovias.
"A gente vê política para tudo, para qualquer um, mas não vê política para motoboy em São Paulo", afirmou Gilberto dos Santos, presidente do sindicato durante uma manifestação realiza nessa terça-feira (27) na região da Vergueiro.
De acordo com Haddad, uma comissão da Secretaria de Transportes pretende se esforçar para atender as demandas da categoria.
"Temos que reconhecer o seguinte: tem muito trabalhador que usa a moto. Eles estão pedindo para entrar na agenda. Resolvemos a questão dos ônibus, dos taxistas, das bicicletas e agora chegou a vez de olhar para os motociclistas", afirmou o prefeito.
Uma das alternativas apontadas por Haddad para atender as demandas da categoria seria criar mais bolsões de estacionamento para motos. O prefeito, no entanto, descartou volta das motofaixas na cidade.
Segundo ele, este é um projeto que coloca em risco a vida dos motociclistas e segue na contramão do resto do mundo. "Não existe em nenhum lugar motofaixa. É considerado uma política arriscada", disse.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo