Só pontos de ônibus centrais ganham luz na capital paulista

Usuários reclamam de instalação de lâmpadas em abrigos em área já iluminada; até 2015, 6,5 mil abrigos terão luz, diz a Prefeitura

Por Caio do Valle

Os abrigos de ônibus de São Paulo começaram a ganhar iluminação noturna. Os pontos clareados, no entanto, são relativamente poucos – 120 -, e os primeiros instalados estão em regiões já bem iluminadas à noite, como a Avenida Paulista. Desde a semana passada, 31 das 35 coberturas da via tinham lâmpadas brancas de LED (sigla em inglês para diodo emissor de luz). A Prefeitura prevê luz elétrica em todas as 6,5 mil estruturas da cidade até o fim de 2015.

“Deveriam ter começado por onde não tem quase iluminação nenhuma, como lá em Santo Antônio”, afirma a aprendiz Daiana Macedo, de 16 anos, citando o bairro onde mora, na zona sul da capital paulista. A doméstica Ivanusa Conceição Silva, de 40 anos, concorda. “Nem a luz do poste clareia direito o ponto perto de casa, que nem cobertura tem mais.” Ela se refere a uma estrutura removida cerca de um ano atrás na Rua Francisco Fett, no Parque São Lucas, na zona leste.

A concessionária Otima, por meio da São Paulo Obras (SPObras), empresa municipal responsável pela gestão do mobiliário urbano, informou que põe iluminação em 20 abrigos por dia na cidade, em média. Essas coberturas começaram a ser montadas no primeiro semestre do ano passado – e todas precisam ter luz. Boa parte delas já tem energia elétrica, que passou a ser usada primeiro para iluminar os painéis publicitários dos abrigos – a fonte de receita da Otima.

Interesse

A urbanista Ermínia Maricato, professora da Universidade de São Paulo (USP), critica a transferência da manutenção dos abrigos de ônibus à iniciativa privada, feita na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), e explica que áreas menos valorizadas comercialmente tendem a despertar menor interesse para receber melhorias. 

“Assim, há uma cidade invisível, esquecida e ignorada. É histórico na cidade a concentração dos investimentos, havendo até hierarquia de varrição de ruas, de podas de árvores e outros serviços.” Em março, o Estado mostrou que os novos abrigos montados nas regiões periféricas da capital são mais rústicos e menos equipados que os construídos no centro expandido.

Segundo Maricato, a iluminação é um fator impactante na segurança pública. O representante de vendas Silvio Luz, de 54 anos, confirma e, segundo ele, que pega ônibus diariamente, abrigos iluminados à noite deixam os passageiros menos inseguros. “E há também o conforto de poder ler alguma coisa.”

Desde 2013, a Otima já substituiu 3.410 abrigos de ônibus na capital paulista. Em nota, a SPObras divulgou que “serão primeiramente iluminados os que têm painel publicitário com infraestrutura de energia elétrica já pronta. Os demais estão sendo abertos processos na AES Eletropaulo de pedido de ligação de energia”. Ainda conforme a empresa municipal, o contrato assinado com a concessionária prevê que “todos os abrigos da cidade terão iluminação” noturna.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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