Permissão vale para o dia inteiro; proibição nos corredores, porém, continua durante os horários de pico da manhã e da tarde
Por Marco Antônio Carvalho
Cerca de 35 mil táxis que circulam em São Paulo voltarão a trafegar em faixas antes exclusivas para ônibus. Seis meses depois de restringir esses veículos nas faixas, a Prefeitura realizou estudo no qual constatou que os táxis não causaram prejuízo à velocidade dos ônibus. A restrição, no entanto, continuará valendo para os corredores.
A mudança passa a valer neste sábado. Os taxistas terão acesso a todos os 440 quilômetros de faixas espalhadas pela capital paulista. O tráfego nesses locais estará condicionado à presença de passageiros. Os veículos não poderão utilizar as faixas somente com o motorista.
A intenção da Prefeitura é realizar avaliações periódicas para confirmar se a nova medida realmente não afeta a velocidade dos ônibus. A decisão de liberação foi recebida com euforia pelas centenas de taxistas que foram ao auditório da Prefeitura, no centro de São Paulo, acompanhar o comunicado do prefeito Fernando Haddad. “Nós conseguimos o compartilhamento entre táxis e ônibus nas faixas sem afetar a velocidade do transporte de massa”, disse Haddad.
A decisão de liberação tomou por base um estudo conduzido pela administração municipal. Nele, técnicos observaram o tráfego de táxis em 70 quilômetros de faixas, nos quais os veículos eram permitidos em período integral.
“A gente liberou alguns corredores muito carregados e lá não teve efetivamente nenhum comprometimento da velocidade dos ônibus”, destacou Haddad. O principal ponto de testes foi o Corredor norte-sul.
Na avaliação do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, a tendência é de que o efeito pequeno sentido nas faixas testadas seja amenizado com a liberação. “Quanto mais faixa que você tem, mais distribui a quantidade de táxi. É isso que está acontecendo”, disse.
Corredores. Tatto estimou que em um mês poderá ter o resultado sobre a análise de impacto de táxis nos corredores. Por enquanto, a restrição dos veículos nesses locais permanece. Na quinta-feira, a Prefeitura publicou no Diário Oficial da Cidade a designação de uma comissão para avaliar o assunto.
O grupo é formado por representantes da São Paulo Transporte (SPTrans), da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), do Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV), do Departamento de Transportes Públicos (DTP) e da Secretaria dos Transportes.
O resultado do estudo será submetido ao Ministério Público, órgão com o qual a Prefeitura havia firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para definir a restrição nos corredores. “Está mantido o TAC porque nós não concluímos a análise técnica. Não faremos nada que não esteja embasado na certeza que o transporte público não vai ser prejudicado”, disse Haddad.
A medida foi bem recebida pela categoria de taxistas e pelos empresários. O presidente da Associação das Empresas de Táxi de Frota do Município de São Paulo (Adetax), Ricardo Auriemma, comentou que já havia questionado a restrição. “Deveria ter uma análise melhor do processo como um todo e tinha alguns pontos que não havia tanta influência com relação ao uso do táxi nas faixas exclusivas e nos corredores”, disse.
Auriemma destacou a necessidade de continuar se respeitando as regras de uso das faixas. “O ponto principal é o uso racional da faixa exclusiva. O taxista tem de ter isso para não deturpar o que conquistou”, acrescentou. O representante da Adetax relatou ter constatado prejuízo após a exclusão dos táxis nas faixas, mas que agora haverá recuperação.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo