Evento ocorreu durante o seminário Resíduo Zero no Brasil, que contou com a palestra do professor Paul Connett sobre os problemas causados pela incineração.
Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo
Com o objetivo de estimular governos, empresas e cidadãos a eliminarem os resíduos que hoje são descartados em lixões e aterros sanitários, diversas organizações da sociedade civil se articularam e lançaram a Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB).
O lançamento da Aliança ocorreu durante o seminário Resíduo Zero no Brasil, realizado no Instituto Pólis, em São Paulo.
Ocorrido na sexta-feira (19/9), o evento contou com uma palestro de Paul Connett, professor emérito de química ambiental da Universidade St. Lawrence (EUA).
Especialista em resíduos, Connett destacou em sua apresentação os problemas causados pela incineração. “As nanopartículas [geradas no processo de incineração] atravessam a parede do pulmão e vão direto para a corrente sanguínea”, explicou o professor americano.
Segundo ele, o organismo humano não tem proteção contra essas partículas. “Uma vez no corpo, elas podem se alojar em qualquer lugar.”
Na avaliação de Connett, mesmo que o processo de incineração fosse seguro, “o que não é o caso”, ainda haveria outros motivos que não o recomendam como solução para a questão dos resíduos. “O incinerador é muito caro, leva em média 25 anos para o contribuinte pagar o equipamento”, exemplificou.
Para ele, a saída é zerar os resíduos, como prega a Aliança Resíduo Zero Brasil. Tendo em vista este objetivo, o especialistas citou 10 passos a serem perseguidos, que começam com a separação dos resíduos, a coleta porta a porta de materiais recicláveis e a compostagem de rejeitos orgânicos.
Entre as organizações que participam da articulação da Aliança estão o Instituto Pólis, a SACI (Sustentabilidade Ambiental, Cultural e Institucional), o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR e o Grupo de Trabalho (GT) Meio Ambiente da Rede Nossa São Paulo. Diversas outras entidades e ONGs assinaram a adesão à iniciativa durante o evento.
Nina Orlow, do GT Meio Ambiente da Rede Nossa São Paulo, relatou aos participantes do seminário que o conceito do resíduo zero surgiu nos anos 1970.
De acordo com ela, a estratégia visa, entre outros pontos, a revisão nos padrões de produção, o combate ao desperdício e a redução do volume e da toxidade dos materiais. “O melhor resíduo é aquele que não foi gerado”, citou.
A ambientalista informou ainda que a proposta de resíduo zero está alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos e a diversas outras iniciativas, como: Aliança Global Resíduo Zero, Objetivos do Milênio (ODMs), Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e Programa Cidades Sustentáveis (PCS).
Secretário afirma que Prefeitura irá aderir à Aliança
Presente ao seminário, o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, destacou as ações e iniciativas da Prefeitura nas áreas de coleta seletiva e compostagem. “O compromisso que assumimos é elevar a reciclagem de 1,8% para 10% até o final de nossa gestão”, lembrou.
Ele também abordou o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo, lançado pela atual administração municipal. “Ao final de 20 anos, que é o período que o plano abrange, só levaremos para os aterros apenas 18% dos materiais.”
Por fim, Pedro antecipou que a Prefeitura deve lançar em breve o 1º Plano de Educação Ambiental em Resíduos Sólidos e lembrou o fato de o governo municipal não ter optado pela incineração dos resíduos, “como alguns municípios fizeram”.
Ao final do seminário, o coordenador da mesa, Carlos Henrique Oliveira, da SACI (Sustentabilidade Ambiental, Cultura e Institucional, provocou a Prefeitura a também assinar a adesão à Aliança.
Na saída, o secretário afirmou à Reportagem da Rede Nossa Paulo que a Prefeitura irá aderir ao documento. “Minha presença aqui é a afirmação de nosso apoio a esse processo”, garantiu.