Pesquisa feita em três vias da cidade mostra que maior movimento é no horário de pico, o que indica uso para o trabalho, diz associação.
Por Caio do Valle
A maior parte dos ciclistas que circulam pelas ciclovias da capital paulista é formada por homens sem capacete e carregando mochilas, que usam a bicicleta em horários de pico para ir e voltar do trabalho. O perfil foi traçado pelo levantamento da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade).
A pesquisa foi realizada nas ciclovias da Rua Vergueiro, na zona sul, e das Avenidas Inajar de Souza, na zona norte, e Eliseu de Almeida, zona oeste. Os dados foram coletados nos dias 2, 9 e 16 deste mês. Os horários de maior passagem de ciclistas foram nos picos da manhã e da tarde, o que indica a utilização das vias para chegar e sair do trabalho, segundo o diretor de participação do Ciclocidade, Daniel Guth. “Constatamos que as pessoas estão com a roupa do trabalho, poucos estão com roupa de esporte, lazer.”
A distribuição de ciclistas nas vias exclusivas é maior entre 7 e 9 horas e das 17 às 19 horas. Por hora, as três ciclovias contabilizam, em média, 76 pessoas pedalando nos dois sentidos.
Na Avenida Eliseu de Almeida, que já tinha parte do trajeto delimitado no canteiro central antes de sua abertura oficial, a quantidade de ciclistas aumentou neste ano. Na comparação com outro levantamento feito no local pelo Ciclocidade em 2012, o número de ciclistas ao longo do dia aumentou 53%, passando de 580 para 888. No mesmo local, a proporção de mulheres ciclistas subiu, de 20 para 60 ao dia. “Na região central, vejo muitas crianças em cadeirinhas, com pais ou irmãos, pedalando juntos. Isso mostra que está o trânsito está sendo humanizado”, diz Guth.
O diretor de participação do Ciclocidade cobra ampliação da infraestrutura cicloviária na cidade, o que deve ampliar a demanda por bicicletas.
‘Nós, ciclistas’
Na tarde desta terça-feira, 23, a reportagem encontrou, durante 30 minutos, 13 ciclistas utilizando a ciclovia da Rua Vergueiro, na esquina com a Rua Correia Dias, no Paraíso. “É a primeira vez que estou usando aqui, gostei. Pretendo abandonar meu carro e minha moto para trabalhar de bike”, afirmou o cientista político Flávio Álvares, de 36 anos, que mora a 6,5 quilômetros do trabalho, nos Jardins.
“Com as ciclovias, estão respeitando mais os ciclistas. Mas eu acho que a Prefeitura tinha de construir mais do que os 400 quilômetros que está prometendo”, diz o bike courier Eduardo Lima, de 30 anos.
Em agenda pública com cicloativistas, nesta terça-feira, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que, até o dia 31 de dezembro, todos os 28 terminais de ônibus municipais terão bicicletários.
“Pelo menos 15 terminais já têm e todos terão até o fim do ano. O bicicletário dá segurança para o ciclista porque guarda a bicicleta, tem gente que cuida dela. Quando ele volta com o transporte público, pode pegar a bicicleta e voltar para casa”, disse o secretário.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo