Por João Alberto Pedrini, Camila Turtelli e William Cardoso
Apesar das chuvas que atingiram algumas regiões do Estado nos últimos dias, o racionamento oficial de água já atinge 2,77 milhões de pessoas em 25 municípios.
O número de habitantes afetados é 32% maior do que em agosto, quando levantamento da Folha mostrou que 2,1 milhões viviam sob rodízio em 18 cidades.
O racionamento oficial ocorre em municípios onde os serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto são de responsabilidade das prefeituras.
Não há na lista cidades em que o sistema é gerenciado pela Sabesp, embora a empresa venda água para algumas delas.
O problema atinge cidades que captam água de rios, lagoas, represas, córregos, reservatórios e poços subterrâneos. Nenhuma delas tem prazo para o fim do rodízio.
Segundo a Defesa Civil, as chuvas registradas de janeiro a setembro no Estado foram 21,3% menores do que a média histórica. Foram 12.972 mm ante média de 17.174 mm.
Em Valinhos (a 85 km de São Paulo) a prefeitura admite que o racionamento deve seguir por mais um ano. Duas vezes por semana, a cidade fica 18 horas sem água.
Metade da água é do sistema Cantareira, 5% de poços e 45% de represas, que estão com níveis baixos.
A prefeitura diz que investirá na ampliação do tratamento, hoje no limite. Com o investimento, de cerca de R$ 3 milhões, será possível captar mais água do rio Atibaia.
Cravinhos (a 292 km de São Paulo), assim como Uchoa (a 416 km de São Paulo), só capta de poços e vive a mesma situação.
"Todo ano, em períodos secos, percebemos alta no consumo, mas nunca precisamos racionar. É a primeira vez", disse Claudio Henrique Alves Cairo, superintendente do setor de água e esgoto.
O maior município com racionamento no Estado é Guarulhos (a 16 km de São Paulo). Lá, 13% da água é captada por meio de produção própria e 87% são comprados da Sabesp.
A prefeitura diz que estuda ampliar a captação em novos mananciais.
Em Mauá (a 27 km de São Paulo), que também compra água da Sabesp, o racionamento começou na última quarta. O município, diz que o fornecimento caiu 22% desde julho. Moradores dizem que sofrem com o problema há três meses.
Oficialmente, a cidade foi dividida em cinco partes e cada uma fica sem água durante um dia da semana, de segunda a sexta-feira.
O aposentado Luiz Carlos Lissoni, 56, já chegou a ficar quatro dias seguidos sem água e ontem estava com a torneira seca. Para minimizar os problemas, comprou uma caixa de 1.500 litros por R$ 410 e tinha outra de 1.000 litros.
"Tenho uma mulher doente, que precisa de mais de um banho por dia", diz.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo