Prazo para a apresentação de nova versão da proposta da Sabesp para operar o volume morto termina nesta segunda-feira.
Por Fabio Leite
A Agência Nacional de Águas (ANA) divulgou nesta segunda-feira, 6, que ainda não recebeu a versão final do plano de contingência da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para o Sistema Cantareira. Há uma semana, a estatal paulista pediu cinco dias para encaminhar ao órgão regulador uma proposta revisada de operação do manancial. O prazo termina nesta segunda-feira.
Segundo a ANA, o plano de operação dos reservatórios do Cantareira, incluindo regras de funcionamento das estruturas de bombeamento instaladas e a construir, "é imprescindível para que os órgãos reguladores possam analisar e autorizar" a utilização da segunda cota do volume morto do sistema. Nesta segunda, o manancial atingiu 5,8% da capacidade, nível mais baixo de sua história.
Desde julho, o Cantareira opera exclusivamente com água do volume morto, que fica represada abaixo do nível dos túneis de captação. A primeira cota, de 182,5 bilhões de litros, começou a ser captada em 31 de maio e deve durar até meados de novembro, segundo cálculos do próprio governo Geraldo Alckmin (PSDB). Nesta segunda, restam nos reservatórios 56,6 bilhões de litros.
Para garantir o abastecimento de água na Grande São Paulo, onde 6,5 milhões de pessoas ainda são abastecidas pelo Cantareira, até março de 2015 sem decretar racionamento oficial, a Sabesp pretende utilizar uma segunda cota da reserva profunda, de 106 bilhões de litros. A ANA, contudo, condiciona essa autorização à apresentação do plano de contingência, que já foi três vezes adiado pela Sabesp.
Segundo a agência federal, uma versão do plano foi entregue no dia 26 de setembro por e-mail pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), gestor estadual do sistema. No entanto, de acordo com a ANA, a Sabesp enviou no dia 29 de setembro um ofício informando que "o documento necessitava de correções em seu método/modelo". A estatal pediu cinco dias úteis para entregar a nova versão, prazo que expira nesta segunda.
Na primeira versão do plano, intitulado “Projeção da Demanda – Sistema Cantareira”, a Sabesp propunha a manutenção da retirada atual do manancial, de 19,7 mil litros por segundo, e previu que os reservatórios tinham 93% de chance de chegar em abril de 2015, quando começa o próximo período de estiagem, com 10% da capacidade de seu volume útil. Considerando que o volume morto fica abaixo de zero da capacidade normal do sistema, o Cantareira está atualmente com o nível 12% negativo.
Procurada pela reportagem, a Sabesp não se manifestou até as 19h20 desta segunda.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo