Um dia após a divulgação de uma ação civil pública para restringir a retirada de água do sistema Cantareira, a Sabesp disse nesta terça (7) que pretende reduzir a captação.
"Quanto maior a redução, maior a capacidade de recuperação do sistema com as chuvas que se avizinham", afirmou o superintendente de Produção de Água da empresa, Marco Antonio Lopez Barros, à rádio CBN.
Principal fornecedor de água para a Grande São Paulo, o Cantareira passa por sua maior crise. Nesta terça-feira (7), seu nível era de 5,6% de sua capacidade.
Não há, segundo a Sabesp, uma definição do quanto seria essa diminuição nem se ela traria impactos no abastecimento da população.
Lopez disse que a empresa trabalha para "melhorar o número" proposto em um estudo inicial encaminhado à agência federal de águas (ANA) e ao departamento estadual responsável (DAEE) para que liberem o uso da segunda cota do "volume morto" do sistema –reserva que está abaixo do ponto de captação.
A direção da ANA classificou esse projeto inicial como "muito fraco".
A própria Sabesp havia previsto enviar aos órgãos um novo plano até a segunda passada (6) –um dia após o primeiro turno das eleições, no qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito. Até a noite desta terça, a companhia ainda não havia apresentado o projeto.
A Folha solicitou entrevista com Lopez. Segundo a Sabesp, isso não foi possível.
Em nota, a empresa disse que a redução informada pelo superintendente é "uma das hipóteses" e que ela "não seria de imediato".
Ação
A ação ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual pretende, além de reduzir a captação, impedir a retirada integral da segunda cota do "volume morto". Ele pede ainda à Justiça Federal que exija da Sabesp metas para recuperação do Cantareira.
O superintendente afirmou ser hoje "remota" a possibilidade de retirada dessa última reserva. "Temos água suficiente para que possamos passar um bom período."
Lopez também falou que pode haver retiradas menores. "A necessidade da aprovação do uso [por ANA E DAEE] é mais para que a gente possa ter uma garantia diante de cenários mais críticos."
Chuvas
Apesar de meteorologistas afirmarem que a estiagem ainda não acabou, Lopez falou sobre um cenário de chuvas a partir da segunda quinzena de outubro.
Ele também afirmou que o horizonte de recuperação do sistema é "muito plausível".
A ação também responsabiliza Sabesp, ANA e DAEE por ignorar a estiagem ao começar a agir apenas "já diante do colapso hídrico" e de "forma insuficiente e tardia".
A Sabesp afirmou não ter sido notificada da ação.
Em nota, disse a competência para fixar vazões de retirada de água é da ANA. "A Sabesp vem cumprindo todas as decisões."
A ANA e o DAEE também afirmaram não terem sido notificadas da ação.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo