Por KÁTIA KAZEDANI, do portal da Câmara Municipal de São Paulo
A presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirmou nesta quarta-feira (15/10), durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que estuda o contrato entre a prefeitura e a companhia, que se não chover nos próximos dias a capital paulista ficará sem água em meados de novembro.
“Temos uma disponibilidade suficiente para atender a população nesse regime de chuvas até meados de novembro”, respondeu Dilma, após ser indagada diversas vezes pelos vereadores sobre a situação do abastecimento na cidade.
Apesar de reconhecer essa possibilidade, ela explicou que a Sabesp está fazendo uma obra que poderá aumentar o nível do Sistema Cantareira em até 12%. “Temos uma obra já licenciada, em fase de finalização, para disponibilizar 106 milhões de metros cúbicos para o Cantareira. A população da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana, inclusive de Campinas, poderá contar com essa água”, acrescentou.
Para o promotor José Eduardo Ismael Lutti, as ações adotadas pela companhia não são suficientes para garantir o abastecimento na capital paulista. “O que fica claro, depois de ouvir declarações de funcionários da Sabesp, é que a Sabesp não planeja o bastante para garantir a segurança hídrica, em qualquer tipo de cenário, a não ser acreditando que as chuvas virão normalmente. A esperança por parte da companhia é a de adesão das pessoas ao bônus, e não um planejamento do recurso hídrico com segurança”, criticou.
O relator da CPI, Nelo Rodolfo (PMDB), concorda com o promotor. “Não houve da Sabesp planejamento para que essa crise fosse evitada”, afirmou.
Dilma, que está prestando esclarecimentos pela segunda vez à CPI, disse que o abastecimento de água na grande São Paulo passa por uma “uma crise grave”, mas ressaltou que a responsabilidade não é apenas da companhia.
“Este problema eu divido com a diretoria colegiada da Sabesp, com os nossos superintendentes, que estão trabalhando de 12 a 18 horas ininterruptas por dia, com o governo de administração, com o governo do Estado de São Paulo e com a sociedade paulista”, declarou a executiva quando indagada pelo presidente da CPI, Laércio Benko (PHS), se ela dividia a responsabilidade com o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB).
Racionamento
Sobre a falta de água registrada em diversos bairros da capital, Dilma reafirmou que não há racionamento. Na semana passada, a executiva declarou que a companhia tem diminuído a pressão do bombeamento de água durante a noite, o que pode estar afetando o abastecimento em locais altos ou sem caixa d’água, mas negou que se trate de um racionamento disfarçado.
“Não temos nada contra a palavra racionamento. Nós temos simulações de melhor utilização da água disponível”, afirmou. Ela também garantiu que a situação está “sob controle”.
“Estamos sobrevivendo em uma situação extrema de falta de chuva e a Sabesp toma medidas com uma engenharia de ponta, o que permite o remanejamento de água entre sistemas. A aplicação do bônus trouxe para gestão da crise 80% da população da Região Metropolitana, que tem responsabilidade com o meio ambiente, está vendo que não está chovendo e está junto com a Sabesp”, declarou.
Matária publicada originalmente no portal da Câmara Municipal de São Paulo.