Projeto enviado pela prefeitura à Câmara prevê reajuste a profissionais que têm hoje rendimento inicial de R$ 7.066; Impacto previsto no orçamento de 2015 é de R$ 320 milhões; governo do Estado diz que já paga R$ 13,9 mil.
Por Leandro Machado
A Prefeitura de São Paulo enviou à Câmara Municipal nesta terça-feira (11) proposta de reajuste salarial de médicos da rede municipal de saúde contratados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O rendimento inicial de um médico, pelo projeto, passará de R$ 7.066 para R$ 10.000 caso sejam contratados em regime de 40 horas semanais.
A gestão Fernando Haddad (PT) diz que 30 mil servidores da saúde, incluindo 6.551 médicos, serão alvo do reajuste salarial –que, dependendo dos níveis da carreira, pode variar de 19% a 86%.
O rendimento mínimo previsto para os médicos é igual ao do programa "Mais Médicos", do governo federal.
Mas, segundo a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), é inferior ao pago pelo Estado. O governo paulista diz que nenhum médico da rede estadual ganha menos de R$ 13,9 mil (sem incluir gratificações) por 40 horas semanais.
O aumento sugerido por Haddad, se aprovado na Câmara, deve valer ainda este ano. O salário inicial de um médico para essa jornada, pela proposta, chegaria a R$ 12 mil em 2016 –quando um profissional no último estágio da carreira poderia receber R$ 20 mil do município.
O projeto de reajuste, que inclui os salários de agentes e auxiliares da rede de saúde, tem impacto previsto de R$ 320 milhões no Orçamento da cidade no próximo ano –estimado em R$ 51,3 bilhões.
Um dos objetivos é atrair recém-formados, principalmente a bairros de periferia.
O presidente do Cremesp (conselho regional de medicina), João Ladislau Rosa, porém, diz que a medida é insuficiente para levar profissionais às áreas mais distantes.
"Não resolve o problema. A prefeitura tem que criar atrativos para atrair médicos [à periferia], como gratificações de distância e precariedade do local", afirma.
Haddad diz que a medida aproxima os salários pagos pela prefeitura dos oferecidos pelas OSs (organizações sociais de saúde), que administram hospitais públicos.
Na prática, contratados da OSs ganham mais –de R$ 12 mil a R$ 15 mil. Mas a prefeitura diz que a estabilidade do emprego público e a manutenção do salário na aposentadoria são atrativos.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo