Haddad libera 3.500 moradias populares em área de parque

Por Diego Zanchetta

O prefeito Fernando Haddad (PT) alterou decreto de 2010 para permitir a construção de 3.500 moradias populares em parte do terreno onde está a ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) batizada de Nova Palestina, na Estrada do M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo. O terreno de 1 milhão de metros quadrados, localizado às margens da Represa Guarapiranga, em área de manancial, estava previsto para virar parque – os conjuntos para famílias carentes vão ocupar 30% da área, enquanto os outros 70% permanecem destinados para uma nova área verde.

A decisão de Haddad tem respaldo em alteração que os vereadores fizeram em julho no Plano Diretor, aprovado sob pressão e protestos do MTST. O líder da entidade, o filósofo Guilherme Boulos, de 33 anos, promoveu acampamento de uma semana em frente à sede da Câmara Municipal, no centro da capital, exigindo dos vereadores dispositivos na nova lei que assegurassem a construção de moradias nos terrenos ocupados pelos sem-teto em Itaquera, na zona leste, na Ocupação Copa do Povo, e na zona sul, na Ocupação Nova Palestina.

Resistência

A decisão de Haddad, na verdade, contraria parte dos líderes do MTST, que exigiam do prefeito a construção de moradias em todo o terreno de 1 milhão de metros quadrados. Mas o prefeito destinou apenas o “miolo” do terreno, de 300 mil metros quadrados, para os futuros prédios do Programa Minha Casa Minha Vida. Os conjuntos vão ficar a uma distância de 300 metros da Guarapiranga, como exige a lei das áreas de preservação e de mananciais.

A previsão do governo municipal é construir 3.500 moradias populares no terreno, o que deve ser feito em uma parceria entre o MTST, a Prefeitura de São Paulo e o governo federal. A construção de um parque nos outros 700 mil metros quadrados do terreno também foi assegurada pela alteração feita por Haddad no decreto de 2010.

Boulos, coordenador do MTST, criticou a gestão Haddad, apesar da medida. “O diálogo com a gestão Haddad é muito ruim. Até agora não foi garantida uma única moradia para os sem-teto morarem, só temos os compromissos assumidos”, argumentou o líder dos sem-teto. “Toda essa questão da Nova Palestina poderia ter sido muito melhor trabalhada entre o movimento e o governo.”

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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