Refazer 3% das matas destruídas no Cantareira e Alto Tietê custaria R$ 200 mi, aponta estudo
Por EDUARDO GERAQUE, da Folha de S. Paulo
Reflorestar uma pequena parte das matas derrubadas em volta das represas da Grande São Paulo pode aumentar em até 50% a capacidade de armazenamento de água nestes reservatórios.
É o que aponta um estudo da ONG TNC (The Nature Conservancy), que estima o custo da iniciativa em R$ 200 milhões. Valor que poderia ser recuperado pela diminuição no custo do tratamento de água, que teria mais qualidade.
Com esse investimento é possível recuperar 3% das matas ciliares das represas que fazem parte dos sistemas Cantareira e Alto Tietê.
Para atenuar a crise hídrica, o governo de SP quer R$ 3,5 bilhões do governo federal para obras de engenharia civil. As pesquisas mostram que 70% das florestas das margens dos reservatórios da Grande SP foram ceifados nas últimas décadas.
"O conceito do estudo está muito correto. Investir em proteção é condição necessária para termos água", afirma Stela Goldenstein, ex-secretaria estadual de Meio Ambiente de SP e que não participou do estudo.
Mas a especialista faz uma ressalva. "Essas ações precisam ser feitas hoje para o resultado aparecer daqui a 20 anos. Não basta enfrentar a crise atual, mas se não fizermos essa proteção agora não sairemos da crise nunca".
A pesquisa da ONG internacional abordou cem cidades espalhadas pelo mundo.
São Paulo e Recife são as duas cidades brasileiras que estão num grupo de cinco localidades mundiais que mais se beneficiariam do investimento na estratégia de recuperação das matas ciliares.
As outras três cidades são Medellín (Colômbia), Harbin (China) e Mumbai (Índia).
A própria TNC e outras ONGs, como o IPÊ, atuam na região do sistema Cantareira na recuperação de áreas de vegetação destruída.
Com recursos do governo do Estado, por exemplo, vários produtores rurais de cidades como Extrema (MG), Nazaré Paulista e Joanópolis (SP) estão recebendo dinheiro para manter a mata em pé.
Apesar das chuvas dos últimos dias, o Cantareira registrou mais uma queda em seus níveis de água ontem (27): de 9,2% anteontem para 9,1%.
Matéria publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo.