Por Giba Bergamim Jr.
O petista Antonio Donato, 54, foi eleito nesta manhã presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo.
Em consenso com os demais 54 vereadores, ele não precisou disputar o posto com nenhum colega, já que não houve candidato de oposição.
Ao todo, 46 vereadores votaram a favor e apenas um se absteve, Toninho Vespoli (PSOL).
Os vereadores do PMDB não votaram. Segundo o vereador Nelo Rodolfo, foi uma opção da bancada não querer participar.
"O PMDB entendeu que deveria ficar de fora. Não nos ofereceram cargos e também não pedimos", disse.
Também optaram em não votar os vereadores Ricardo Young (PPS) e Gilberto Natalini (PV). Na semana passada, eles apresentaram manifesto por mais produtividade na Casa alegando estar insatisfeitos com o funcionamento do Legislativo e por terem menos espaço para ocupar a tribuna.
Ex-braço direito do prefeito Fernando Haddad (PT), o petista deixou o cargo de secretário de Governo no ano passado, após ser citado na investigação sobre a Máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços).
O nome de Donato foi citado na investigação sobre auditores fiscais suspeitos de desviarem R$ 500 milhões dos cofres municipais.
As acusações não tiraram o prestígio de Donato no PT. Com o aval do presidente nacional do partido, Rui Falcão, Donato coordenou a campanha de Haddad.
Após sua volta à Câmara, adotou a discrição, sem se envolver em embates políticos.
Donato assume em 1 de janeiro de 2015, assumindo o lugar do colega de partido José Américo (PT), que ficou dois anos à frente do Legislativo.
Seguindo a lógica da proporcionalidade entre as maiores bancadas, foram eleitos Edir Sales (PSD) como vice-presidente, Aurélio Nomura (PSDB) como primeiro-secretário. Toninho Paiva (bloco PR-DEM) e Paulo Frange (PTB) ocupam, respectivamente, os cargos de segundo vice-presidente e segundo-secretário.
Máfia
Durante investigação do Ministério Público, uma auditora fiscal mencionou colaborações à campanha dele em 2008, com dinheiro do esquema.
Um dos fiscais acusados, Eduardo Horle Barcellos, trabalhou de janeiro a abril de 2013 no gabinete.
O vereador diz ser vítima de acusações levianas e sem sentido e que abriu suas contas a todos os órgãos de controle financeiro. "Nada de errado foi constatado", diz.
Donato diz que fará uma sessão por semana na periferia, a serem realizadas nas subprefeituras. Ele afirmou que a prioridade será a votação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que define, bairro por bairro, onde e como será possível construir na cidade.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo