Por Artur Rodrigues e Giba Bergamim Jr.
Dois terços das capitais brasileiras tiveram aumento na tarifa de ônibus desde 2014, ano seguinte à onda de protestos pelo Brasil contra o preço das passagens.
Das 27 capitais do país, apenas dez não tiveram reajuste no valor das passagens –Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Manaus, Palmas, Porto Velho, Recife, Teresina e Vitória.
Na capital paulista, a partir desta terça (6), as passagens de ônibus, trens e metrô estarão mais caras –de R$ 3 passam para R$ 3,50.
Já o preço do bilhete único nas modalidades mensal (R$ 140), semanal (R$ 38) e diário (R$ 10) ficará congelado. A integração entre ônibus, trem ou metrô passará de R$ 4,65 para R$ 5,45.
As tarifas não subiam desde 2011 nos ônibus municipais e desde 2012 no caso dos trens e metrô.
Nesta segunda-feira (5), havia fila nos principais postos de recarga do Bilhete Único na capital paulista, em uma corrida dos usuários para garantir o valor antigo.
A cidade foi o epicentro dos protestos contra o aumento, em 2013. Após o primeiro ato que terminou em violência, em 6 de junho daquele ano, as manifestações se alastraram pelo país.
Levantamento da Folha mostrou à época que, de 90 municípios –capitais e com mais de 200 mil eleitores–, 59 (66%) reduziram as passagens de ônibus, trens ou metrô.
Após o arrefecimento dos atos, porém, as capitais voltaram a reajustar as tarifas.
Protesto
O Movimento Passe Livre, responsável pelos protestos de 2013, já anunciou uma nova etapa de manifestações, que começarão no próximo dia 9, no centro de São Paulo.
Nesta segunda (5), eles reuniram 350 pessoas no Vale do Anhangabaú, em uma aula pública com Lúcio Gregori, secretário municipal de Transportes durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) e idealizador da tarifa zero.
Para amenizar o impacto do aumento, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram a tarifa zero para estudantes, que pode beneficiar cerca de 505 mil alunos –cerca de 360 mil da rede pública e 145 mil de baixa renda matriculados na rede particular.
Porém, a iniciativa deverá valer a partir do início do ano letivo, pois a mudança depende de regulamentação das duas esferas de governo.
O MPL diz que se trata de uma conquista dos protestos de 2013, mas critica a limitação da gratuidade para estudantes, com uma cota de 48 viagens mensais. "Está longe de ser um passe livre estudantil", disse Andreza Delgado, 19, militante do MPL.
Rio
No Rio, o aumento de 13,3% das passagens de ônibus, em vigor desde sábado (3), supera a variação dos principais preços administrados praticados no Estado.
A tarifa, que foi a R$ 3,40, só não teve aumento superior à inflação da educação infantil, que subiu 15,43%, e do ensino médio, de 13,79%, mas ficou acima da variação do aluguel, da luz e da água.
Nesta segunda (5), cerca de 300 pessoas saíram em passeata contra o aumento.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo