Gestão Fernando Haddad (PT) pretende estimular a construção de estacionamentos fora do centro expandido; Meta é incentivar motoristas a fazer parte do trajeto no transporte público, aliviando as vias saturadas.
Por Artur Rodrigues
A gestão Fernando Haddad (PT) quer estimular a construção de edifícios-garagem fora do centro expandido de São Paulo, perto de linhas de metrô e corredores de ônibus.
O objetivo é incentivar a população a fazer parte do trajeto usando transporte público, aliviando as vias mais saturadas da cidade.
Esse é um instrumento que fará parte da nova lei de zoneamento, que está em fase de discussões.
O mapa divulgado pela administração municipal tem mais de 30 regiões reservadas para este fim.
Entre os pontos, há áreas de incentivo na Vila Sônia (zona oeste), no Jabaquara (zona sul) e em São Mateus (zona leste).
"Tudo bem a pessoa circular com carro. Mas é legal que, se ele está em Osasco, Guarulhos ou Taboão, em vez de ir ao centro, ele pare em estacionamentos nas pontas", diz o diretor do departamento de uso e ocupação de solo da prefeitura, Daniel Todtmann Montadon.
Para incentivar a construção dessas garagens, a prefeitura pretende dar vantagens na hora de construir.
Quem investir nesse tipo de empreendimento poderá construir mais pagando menos contrapartidas.
É o mesmo tipo de mecanismo que a prefeitura pretende fazer para permitir maior adensamento da cidade ao longo dos eixos de transporte.
Poder de atração
Para o consultor na área de transportes Sergio Ejzenberg, é necessário que haja melhoria do transporte público de São Paulo para que as garagens tenham algum poder de atração.
"Se eu saio da garagem e tenho que esperar 40 minutos pelo ônibus ou seis trens para poder embarcar, não adianta", afirma ele. "A garagem vai ficar vazia."
Ele acredita que o melhor meio de melhorar o transporte seria a prefeitura também passar a investir na construção do metrô, uma atribuição oficial do governo do Estado.
Inauguradas
No ano passado, a prefeitura inaugurou dois estacionamentos públicos: um em Pinheiros (zona oeste) e outro no Jardim Ângela (zona sul).
A construção dos espaços havia sido iniciada na gestão Gilberto Kassab (PSD), que também defendia a alternativa para atrair motoristas e fazê-los utilizar o transporte público em parte dos deslocamentos.
Na mesma linha de desestimular as pessoas de irem ao centro usando carro, terrenos vazios usados informalmente como estacionamentos em regiões já saturadas podem ser penalizados por meio cobrança maior de IPTU, sob alegação de que ele está subutilizado.
A gestão Haddad tem tido como marca por uma série de medidas que desestimulam o uso do carro. Até o fim do mandato cerca de 40 mil vagas de estacionamento na rua darão lugar às ciclovias.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo