Assaltos crescem pelo 19º mês seguido; homicídios caem 3,4%

Roubos no Estado de SP subiram 21% em relação a 2013, no maior aumento anual já registrado; Taxa de assassinatos por 100 mil habitantes cai para 10,06, no melhor resultado desde 2001, quando era 33,3.

Por Rogério Pagnan

O Estado de São Paulo registrou em 2014 a maior quantidade de roubos dos últimos 14 anos –desde que a série histórica do governo paulista adota os mesmos critérios.

Por outro lado, também teve a menor taxa de homicídios dolosos por 100 mil habitantes nesse período.

Os assaltos, segundo dados divulgados nesta sexta (23), cresceram 20,6% em relação a 2013 –maior aumento anual já registrado. Passaram de 257.067 para 309.948.

O percentual de crescimento na capital foi ainda maior: 26,5%. Em ambos os casos, foi a 19ª alta consecutiva desse tipo de crime e um dos motivos apontados para a recente troca de comando na Secretaria da Segurança do governo Geraldo Alckmin (PSDB), no final do ano passado.

Os roubos são aqueles crimes cometidos com violência ou grave ameaça e que criam uma sensação de insegurança na população.

O novo titular da pasta, Alexandre de Moraes, disse que os resultados podem ser explicados em parte pela explosão de celulares (150%) e de documentos (186%) roubados. "O que mostra que isso é que puxou esse índice para cima", disse.

Ainda de acordo com Moraes, 70% dos roubos envolveram celulares e/ou documentos, dos quais 53% das vítimas eram pedestres.

"É quando a pessoa está passando. É esse roubo que aumenta a sensação de insegurança. Porque é aquele [caso em que] cada um de nós pode ser roubado. Isso acaba assustando", disse Moraes.

Outro fator que explica parte desse crescimento foi a possibilidade de registrar roubos pela internet. O governo não apresentou, porém, quanto dessa ferramenta pode ter levado ao aumento de registros.

A quantidade de roubos no Estado em 2014 foi 41% maior do que em 2001, no começo da atual série histórica.

Em relação ao roubo de celulares, Moraes disse que pedirá ao governo federal para que a Anatel (agência de telecomunicações) faça bloqueio permanente da identificação dos aparelhos quando eles forem roubados ou furtados.

Isso evitaria que ladrões comprem um novo chip para poder reutilizar o aparelho.

Assassinatos

Os dados divulgados pelo governo também mostram que em 2014 os homicídios dolosos, praticados com intenção de matar, caíram 3,4% na comparação com 2013. Passaram de 4.444 para 4.294 de um ano para o outro.

Essa queda fez com que a taxa de assassinatos por um grupo de 100 mil habitantes caísse para 10,06. Trata-se do melhor resultado na série iniciada em 2001, quando havia no Estado um índice de 33,3 por 100 mil.

Para organismos internacionais, taxas acima de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes são consideradas epidêmicas –quando os crimes estão fora de controle.

Os dados divulgados pelo governo do Estado consideram a quantidade de casos registrados, e não a de vítimas. Um mesmo registro pode ter mais de uma vítima.

Considerando a quantidade de vítimas, São Paulo teria uma taxa um pouco maior: de 10,61 a cada 100 mil. Os 4.294 casos de homicídios em 2014 tiveram 4.527 vítimas.

Na capital, os índices foram ainda melhores: 9,83 casos por 100 mil –no total, foram 1.132. Em 2011, porém, a cidade tinha tido um resultado melhor: taxa de 9,01.

Traficantes

Para especialistas em segurança, além de um trabalho eficaz da polícia na investigação dos homicídios, que têm índices de solução considerados satisfatórios, a quase inexistência de guerra de traficantes (como ocorre em outros Estados) contribuiu com essa queda ao longo dos anos.

O governo minimiza a influência do crime organizado nessa redução.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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