Estado de SP registrou em 2014 maior quantidade de roubos em 14 anos; governo Alckmin ainda deve resposta convincente para a situação.
Tornaram-se rotineiras, mas nem por isso provocam menos espanto as notícias sobre a alta de roubos em São Paulo. Tanto no Estado como na capital, são 19 meses consecutivos em que o registro desses crimes aumenta em relação ao mesmo período do ano anterior.
Como consequência, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) computou, em 2014, dois recordes lastimáveis na área da segurança pública: maior quantidade de assaltos da atual série histórica de dados, iniciada em 2001, e maior crescimento anual já verificado em relação a esse tipo de delito.
As cifras são inquietantes. Considerado o território estadual, os roubos passaram de 257 mil, em 2013 (recorde anterior), para 309,9 mil –20,5% a mais. Na cidade de São Paulo, saltaram de 126,5 mil para 160,1 mil –um avanço de 26,5%.
Cometidos com o emprego de violência ou grave ameaça e registrados em larga escala, os assaltos abalam sobremaneira a sensação de segurança da população.
Não surpreende, pois, que a reputação do setor esteja em queda. Segundo pesquisa recém-divulgada pela Rede Nossa São Paulo e pela Fecomercio SP (federação do comércio paulista), a nota média que os moradores da capital dão à segurança a deixa em 24º lugar numa lista sobre a satisfação com 25 indicadores de qualidade de vida.
Desde 2010, a avaliação da área só piorou, tendo caído de 4,7 (quando ocupava a 17ª posição) para 3,8. Apenas o item "transparência e participação política" fica atrás, sempre no último lugar.
Trata-se de situação inadmissível. Está em jogo uma das atribuições mais básicas do Estado e um dos fatores mais importantes para o bem-estar do cidadão. Nenhum governo que se pretenda sério pode aceitar que a sociedade se sinta presa fácil para os bandidos.
Verdade que há motivo de alívio em São Paulo quando se observam as estatísticas de assassinatos. Após superar uma onda de violência em 2012, a administração tucana contabilizou no ano passado 4.294 casos de homicídio doloso (com intenção de matar), resultando numa taxa de 10,06 ocorrências por 100 mil habitantes.
O índice não só é o menor desde 2001 como também está muito abaixo da média nacional, em torno de 25 casos por 100 mil.
A redução do número de mortes há de ser comemorada em qualquer circunstância, mas essa conquista veio sobretudo de 2001 a 2009, quando a taxa de assassinatos no Estado despencou de 33,3 por 100 mil para 11,1 por 100 mil.
Desde então foram pequenos os avanços em relação aos homicídios, mas grandes os retrocessos quanto aos roubos. Sem conseguir dar uma resposta convincente para a explosão de assaltos, o governo Alckmin, que já trocou duas vezes o secretário da Segurança, parece tão atônito quanto a população.
Editorial publicado originalmente pelo jornal Folha de S. Paulo