Por Fabrício Lobel
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) prepara um pacote com oito obras emergenciais para atravessar o período de estiagem deste ano, chamado pelo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, de "deserto de 2015".
As obras em projeto, entre as quais estão novas adutoras e estações elevatórias, têm como objetivo aumentar as fontes de água e a capacidade de tratamento dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê.
Juntos, os dois poderão socorrer parte dos 6,2 milhões de moradores hoje atendidos pelo sistema Cantareira, o maior da Grande São Paulo e que pode chegar ao nível zero em abril. Nesta terça (3), ele operava com 5,1% de sua capacidade, próximo de um colapso e já usando duas cotas do volume morto.
A versão do projeto ao qual a Folha teve acesso não estipula prazos, custos ou ganho de água ao final das intervenções. Esse pacote de obras tenta ao menos prorrogar a decretação de um rodízio.
Segundo a Sabesp, está em estudo um "rodízio pesado" de cinco dias de torneiras secas por semana. O governo diz ainda estudar se adotará rodízio e qual será o modelo.
Para o sistema Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas, em especial na zona leste, está prevista a construção de dutos desde o sistema Rio Grande, que abastece o ABC. O Alto Tietê, que tem maior capacidade de tratamento, poderia receber a água do Rio Grande, que hoje tem o maior volume de São Paulo.
Segundo Alckmin, essa obra poderia transferir 4.000 litros por segundo. Outra obra já anunciada é a reversão do rio Guaratuba para aumentar a reserva no Alto Tietê.
Na terça-feira, Alckmin disse também querer captar água do ribeirão Guaió. A Folha apurou que a ideia é construir uma adutora e uma estação elevatória entre o Guaió e um rio que alimenta uma represa do sistema Alto Tietê.
Outra novidade para o Alto Tietê é a reversão do rio Itatinga, para que ele passe a abastecer o sistema.
Já para o sistema Guarapiranga, que abastece 5,2 milhões de pessoas, estão previstas mais quatro obras.
A ampliação de captação do braço Taquacetuba, da Billings, que abastece o Guarapiranga, é uma delas e já foi anunciada por Alckmin.
Pelo projeto, ainda em estudo, a previsão é captar até 4.500 litros de água por segundo. Hoje a Sabesp tem autorização para captar apenas 2.200 litros/s no local.
O Taquacetuba também deverá ganhar o reforço de obras que captarão água do rio Capivari, no extremo sul da cidade de São Paulo.
Outra ajuda deverá vir do Alto Juquiá, que abastecerá diretamente um afluente do Guarapiranga.
A oitava obra do pacote é a ampliação da capacidade de tratamento de uma estação na zona sul. Hoje, ela tem capacidade para 14 mil litros por segundo e deverá chegar a 16 mil litros por segundo.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo