A maioria dos moradores da Grande São Paulo e de brasileiros em geral apoia a implantação de um rodízio de água e de um racionamento de energia, mostra pesquisa do instituto Datafolha.
No levantamento nacional, 65% dizem apoiar a "adoção imediata" do racionamento de energia.
Já as entrevistas na região metropolitana de São Paulo apontam que 60% são a favor de um rodízio de água.
A pesquisa foi realizada nos dias 3 a 5 de fevereiro, ouvindo 4.000 pessoas em 188 municípios do país. Na região metropolitana de São Paulo, foram entrevistadas 1.231 pessoas em nove cidades.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%, –o que significa que, a cada 100 levantamentos, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro.
O Datafolha foi às ruas após um janeiro de más notícias para os dois setores. No caso da energia, o volume de água que chegou aos principais reservatórios do país, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, foi o menor em 84 anos.
Com represas nos piores níveis históricos para o período chuvoso, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, admitiu a possibilidade de um racionamento de energia.
Foram autorizados reajustes nas contas que, em algumas cidades, praticamente dobrarão o custo da energia na comparação com 2014.
Já em relação à água, as chuvas sobre o sistema Cantareira, que abastece 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo, atingiram em janeiro apenas 55% da média histórica do mês.
O sistema operava no domingo (8) com 5,7% de sua capacidade, mesmo após ter a quinta alta em sete dias.
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) estuda implantar um rodízio com alguns dias com água e outros sem nas áreas abastecidas pelo Cantareira (zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital).
A pesquisa Datafolha mostra que praticamente toda a população tomou conhecimento dos problemas de energia e água e que a maior adesão às medidas restritivas está na população mais escolarizada, jovem e rica –embora tenha apoio da maioria em todas as faixas de escolaridade, idade e renda.
No caso da energia, o apoio ao racionamento chega a 77% entre mais escolarizados e os que têm renda acima de dez salários mínimos. Já o rodízio de água é aprovado por 66% de quem tem curso superior e 67% de quem tem renda acima de dez mínimos.
O menor apoio ao rodízio em São Paulo vem dos idosos (51%), dos que recebem até dois salários mínimos (54%) e dos que cursaram até o ensino fundamental (53%).
As responsabilidades pelas duas crises estão distribuídas de forma diferente.
No caso da energia, 32% dos entrevistados no país apontam o governo federal como principal responsável pela crise, seguido de "todos" (23%) e da população (18%).
Entre os que têm ensino superior, 42% atribuem o problema ao governo Dilma Rousseff (PT).
Já os problemas de água em São Paulo são atribuídos ao governo estadual por 37% dos entrevistados no Estado. Outros 22% dizem que "todos" são responsáveis, 20% atribuem a questão à população, e 9%, ao governo federal.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo