Por Fabrício Lobel e Gustavo Uribe
O governo de São Paulo encontrou uma nova reserva de água abaixo do nível atual de captação do sistema Cantareira, que abastece 6,2 milhões de pessoas e hoje tem a situação mais crítica entre os seis mananciais que abastecem a Grande SP.
Essa nova porção de água, em área de difícil acesso de uma das represas que compõem o sistema, poderá representar uma quarta cota do chamado volume morto –reserva de água do fundo dos reservatórios, abaixo do nível original de captação.
Segundo a Folha apurou, técnicos da empresa estatal de água, a Sabesp, ainda realizam estudos topográficos para saber se será possível captar água dessa reserva.
A dimensão desse possível novo volume morto ainda não foi calculada pelo governo, mas acredita-se que seja semelhante à da terceira cota: cerca de 40 bilhões de litros.
Esse volume, caso aproveitado, representaria um adicional de cerca de cinco pontos percentuais no total do sistema ou a um mês e meio de abastecimento de água.
Ontem (09/02) o sistema operava com 5,9% de sua capacidade, o que inclui a primeira cota do volume morto, de 182 bilhões de litros e já esgotada, e a segunda, de 105 bilhões de litros, ainda em uso.
A terceira cota, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), poderá ser usada no período de seca, entre maio e setembro deste ano.
Quanto mais a captação de água se aproxima do leito da represa, mais turva ela fica, segundo especialistas. Com isso, aumenta a necessidade de um maior processo de tratamento.
O governo avalia que, apesar da descoberta, ainda é cedo para concluir se a reserva de água é explorável para o período seco deste ano.
Com o Cantareira à beira de um colapso completo, o governo prevê o início de um eventual rodízio de água apenas nas áreas atendidas pelo sistema, em especial as zonas norte e leste da capital.
Segundo a Sabesp, um dos modelos em estudo prevê cinco dias sem água e apenas dois dias com, na semana.
Em evento na capital paulista, o governador afirmou nesta segunda-feira (9) que será iniciada, nos próximos dias, a obra de ligação do Rio Grande, braço da represa Billings, com o Alto Tietê, sistema ao leste da Grande SP e que já opera com uma cota do volume morto.
Segundo ele, a expectativa é de que esse projeto, que captará até 4.500 litros de água por segundo, fique pronto em maio.
Chamada pública
A Sabesp divulgou também nesta segunda-feira uma chamada pública para que empresas façam sugestões e propostas para o aumento da disponibilidade de água na Grande SP, principalmente na área do sistema Cantareira.
Em janeiro, a Folha publicou que o governo Alckmin havia decidido pedir ajuda da iniciativa privada para encontrar "soluções criativas" para enfrentar a crise hídrica.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo