O projeto do Sistema São Lourenço, principal alternativa ao Cantareira, começou a ser planejado no início de 1980.
Por José Maria Tomazela
O projeto do Sistema Produtor São Lourenço, principal aposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir a dependência do Sistema Cantareira, que enfrenta grave crise hídrica, está atrasado 30 anos. No início da década de 1980, o governo do Estado realizou um estudo para retirar água da foz do Rio São Lourenço, em Juquitiba, para complementar o abastecimento da Grande São Paulo. De acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape, o projeto foi apresentado em reunião de prefeitos em Registro.
Na época, o volume de água a ser transportado pela Serra do Mar até a capital era de 4,7 m3/s, o mesmo que o governo vai captar três décadas depois. Um decreto da Presidência da República de 27 de junho de 1996, que renovou a concessão da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, para geração de energia na Cachoeira do França, no Rio Juquiá, manifestava preocupação em “preservar o direito de derivação das águas do Alto Juquiá, com reversão para até 4,7 m3/s para abastecimento público da região metropolitana”.
Entre 1996 e 97, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) propôs o Projeto Juquitiba, prevendo a captação a fio de água no mesmo Rio Juquiá, mas em outro ponto, no município de Juquitiba, após a foz do Rio São Lourenço. A vazão, dos mesmos 4,7 m3/s, seria revertida por estação elevatória, adutora e túnel para a bacia do Guarapiranga. A vazão seria descarregada nas cabeceiras do Ribeirão Santa Rita, seguindo até a Represa de Guarapiranga. Na época, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado opôs-se ao projeto pelo risco de afetar a atividade de canoagem no Rio Juquiá, e o impacto sobre a vegetação ribeirinha do Santa Rita, além dos riscos de inundações nas várzeas do Embu-Guaçu. Foi levantado ainda o risco de introdução de espécies indesejáveis no Reservatório Guarapiranga.
Estudo. O projeto do Sistema Produtor São Lourenço, segundo a Sabesp, constitui uma evolução do Projeto Juquitiba. A captação foi mudada para a margem direita do reservatório da Cachoeira do França, da CBA. Um novo estudo da Sabesp pretende ampliar a captação para 6 metros cúbicos por segundo, mas a obra já foi licitada e está em andamento. O governo federal liberou financiamento para o consórcio que executa o projeto. A água será bombeada do Vale do Ribeira até o planalto, vencendo uma altitude de 700 metros, para chegar à estação de tratamento que será construída em Vargem Grande Paulista. A água atenderá 1,5 milhão de habitantes da zona oeste da capital e de seis cidades da Grande São Paulo. Com aumento, a água poderia chegar a quase um milhão de habitantes a mais.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo