Segundo a Sabesp, nível do principal manancial subiu 0,5 ponto porcentual e seus reservatórios operam com 7,8% da capacidade.
Por Felipe Resk e Marco Antônio Carvalho
Após superar o volume de chuva esperado para fevereiro, o Sistema Cantareira registrou a maior alta desde o início da crise hídrica, em janeiro de 2014. O nível do principal manancial de São Paulo subiu 0,5 ponto porcentual e os seus reservatórios operavam nesta segunda-feira, 16, com 7,8% da capacidade, ante 7,3% de domingo, 15, de acordo com relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Esta foi a 11.ª vez seguida que o Cantareira registrou aumento do volume de água represada. Nos 16 primeiros dias de fevereiro, a pluviometria acumulada já supera a média histórica do mês. Ao todo, foram 206,1 milímetros de chuvas: cerca de 3,5% a mais que o volume esperado, de 199,1 milímetros. Só ontem, a pluviometria do dia foi de 42,6 milímetros, a maior deste ano. A última vez em que isso havia acontecido foi em março do ano passado, quando as chuvas ficaram 5% acima da média.
As primeiras chuvas que caíram sobre o Cantareira após o longo período de estiagem serviram apenas para umedecer o solo. Agora, já há acúmulo de água.
Outro fator que explica as altas consecutivas do manancial, responsável por atender 6,2 milhões de pessoas, é que a quantidade de água retirada dos reservatórios pela Sabesp tem sido gradativamente reduzida. Em dezembro, a vazão média no Cantareira era de 18,5 mil litros por segundo. Dois meses depois, o número está em 11,9 mil l/s – redução de mais de 35%.
A Sabesp nega que o aumento no volume armazenado do sistema tenha ligação com um menor consumo residencial, já que muitas pessoas viajam no carnaval. “O principal fator é a quantidade de chuvas na bacia do Cantareira, diretamente nas represas ou nas nascentes dos rios”, diz a companhia, em nota.
Em comparação com 1.º de janeiro, quando os reservatórios tinham 7,2% da capacidade, a alta foi de 0,6 ponto porcentual. O atual cálculo da Sabesp, porém, envolve duas cotas do volume morto – uma de 182,5 bilhões de litros de água, adicionada em maio, e outra de 105 bilhões, em outubro. Com a quantia extra, o Cantareira saltou artificialmente primeiro de 8,2% para 26,7% e, depois, de 3% para 13,6%.
“Chegamos em abril do ano passado, no período seco, com 10% do volume útil. Se utilizarmos a mesma régua, hoje estaríamos com algo próximo de -23%. É uma desvantagem relevante”, afirmou o professor do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo.
Em nota, a Sabesp diz que “é preciso continuar a chover para voltar ao volume útil. Além disso, o uso racional da água deve ser permanente”.
Outros mananciais
O nível dos outros cinco mananciais responsáveis por abastecer a capital e a Grande São Paulo também registrou aumento no volume de água. Assim como o Cantareira, o Sistema Alto Tietê subiu 0,5 ponto porcentual e superou a média histórica de chuvas do mês. Desde o início de fevereiro, as chuvas somam 197,3 milímetros, enquanto o volume esperado para o mês é de 192 mm. Em setembro, o Alto Tietê também já havia superado a média histórica do mês. Nesta segunda, o reservatório operava com 14,6%, contabilizando os 39,4 bilhões de litros do volume morto.
Os sistemas Guarapiranga e Alto Cotia tiveram alta de 0,1 ponto porcentual – o primeiro passou de 55,2% para 55,3% e o segundo, de 34,4% para 34,5%.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo