Sabesp debate internamente crise financeira, conforme admitiu ao mercado, e ainda estuda a adoção permanente de bônus e multa.
Por Fabio Leite e Pedro Venceslau
Com problemas financeiros por causa da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estuda reajustar a conta de água acima da inflação. A correção anual está prevista para abril e precisa ser aprovada pela agência fiscalizadora, a Arsesp.
A intenção, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, ainda é incorporar definitivamente o sistema de bônus e de multa, que vigora em caráter temporário por causa da estiagem que comprometeu o estoque de água dos principais mananciais que abastecem a Grande São Paulo.
Segundo apurou o Estado, o principal defensor da ideia, que prevê sobretaxar quem consome mais água e dar desconto para quem consome menos, é o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, que, antes de assumir o cargo, em janeiro deste ano, já defendia uma tarifa progressiva.
Nesta segunda-feira, Braga estava em Paris, participando de congresso do Conselho Mundial da Água, que ele preside, e não comentou. A proposta, porém, ainda não é consensual no governo Geraldo Alckmin (PSDB), que ainda avalia sua viabilidade. Dirigentes do PSDB paulista e potenciais candidatos da sigla a prefeito em 2016 temem que a medida seja mais um fator de desgaste nas eleições municipais.
No balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014, o último divulgado, a Sabesp registrou uma queda de 2,6% na receita bruta até setembro, e de 34,6% no lucro líquido. Somente o programa de bônus, que dá desconto de até 30% na conta para quem reduzir o consumo de água durante a crise, comprometeu R$ 226 milhões da arrecadação. Já a sobretaxa de até 50% na tarifa para quem elevar o gasto começou a ser aplicada neste mês e a companhia não informou o valor arrecadado.
Mercado
Nesta segunda, a Sabesp confirmou, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que analisa os custos e mudanças no plano de negócio com a Arsesp e que avalia a possibilidade de pleitear o reequilíbrio tarifário, o que permitiria um reajuste acima da inflação. Em nota, a companhia afirma que analisa a “evolução dos custos relativos à energia elétrica”, que, segundo balanço, cresceram 7,3% entre janeiro e setembro de 2014, em relação ao mesmo período do ano anterior. Após o comunicado, as ações subiram 3,14% na Bolsa.
O último reajuste, que deveria ter ocorrido em abril de 2014, só foi aplicado em dezembro, por decisão do governo. O índice de 6,49% equivale à correção inflacionária do período.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo