Por GUSTAVO URIBE, da Folha de S. Paulo
Com as chuvas de fevereiro e o avanço dos níveis das represas da Grande São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu adiar a divulgação do chamado "pacote de transparência" que preparava sobre a crise hídrica.
A principal medida se referia ao chamado "gatilho" de um eventual rodízio de água.
Até a semana retrasada, a decisão do governo paulista era tornar público nesta semana um percentual mínimo que o sistema Cantareira deveria atingir até o final de março para evitar a adoção da medida.
Se atingisse o "gatilho", nada de rodízio. Caso contrário, ele teria início imediatamente em toda a região metropolitana da capital paulista.
Segundo a Folha apurou, contudo, com o avanço das chuvas acima da média histórica nos sistemas, o governador decidiu não divulgar por enquanto o percentual.
O diagnóstico do tucano é de que não haveria no momento necessidade de "alarmar" a população com a hipótese de um rodízio de água.
No final da semana passada, em indicação de sua decisão, Alckmin disse que nada demonstra "hoje necessidade do rodízio" e que "se as obras forem entregues no prazo, não dependemos de chuva".
A divulgação do "gatilho" é defendida tanto por secretários estaduais como pelo comando da Sabesp. A questão voltará a ser discutida na metade de março, próximo ao início do período de seca.
Não é a primeira vez que o tucano decide postergar medida por ter expectativa de aumento do volume de chuvas.
No início deste mês, a Sabesp apresentou a Alckmin plano de rodízio para início imediato. A iniciativa, que trazia a opção de 12 horas com água e 36 horas sem, não foi adotada naquele momento porque o tucano apostou na recuperação dos sistemas.
Nesta segunda (23), o nível do Cantareira voltou a subir e chegou a 10,6% de capacidade. No domingo (22), pela primeira vez desde 17 de janeiro, não choveu nos seis principais reservatórios da Grande SP.
As chuvas constantes no início de fevereiro não devem se repetir nos próximos dias, que devem ser quentes e secos.
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.