Obra de interligação do braço Rio Grande da Billings com a Represa Taiaçupeba deve começar neste mês.
Por Fabio Leite e Pedro Venceslau
Obra de interligação do braço Rio Grande da Billings com a Represa Taiaçupeba deve começar neste mês O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, disse ontem que a implementação de um rodízio oficial de água na Grande São Paulo “é um evento de baixa probabilidade”.
“Não está afastada a hipótese de rodízio, embora os cálculos indiquem que é um evento de baixa probabilidade”, afirmou Kelman, após depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp na Câmara Municipal.
“Na hipótese de preservação da atual situação, levando em consideração quanta água temos em estoque, levando em consideração cenários pessimistas de quanta água chegará nos vários sistemas produtores e levando em consideração um cronograma de obras, fazendo as contas, chego à conclusão de que não será necessário o rodízio. Agora, não estou afirmando que não terá rodízio porque é claro que o cronograma poderá atrasar, claro que o cenário hidrológico que estamos usando poderá ser pior”, disse Kelman aos vereadores.
A principal obra a ser feita é a interligação do braço Rio Grande da Represa Billings, em São Bernardo do Campo, com a Represa Taiaçupeba, em Suzano, que levará 4 mil litros de água por segundo para o Sistema Alto Tietê, que também está em situação crítica e tem uma esta- ção de tratamento com capacidade de produção ociosa em cerca de 5 mil litros.
Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a obra começará a ser executada ainda neste mês e deverá ser concluída em julho. Para que o Rio Grande consiga “socorrer” o Alto Tietê, a Sabesp vai enviar água do corpo poluído da Billings para a barragem limpa.
Outras obras para enviar água do Rio Guaió para o Alto Tietê e do Rio Juquiá para o Sistema Guarapiranga também devem aumentar a oferta de abas- tecimento da Grande São Paulo. Com mais água no Alto Tietê e no Guarapiranga, a Sabesp pretende reduzir a abrangência do Cantareira de 6,5 milhões de consumidores para 5 milhões.
Segundo o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, a companhia vai aguardar o fim de março, que marca o término da estação chuvosa, para definir se haverá ou não rodízio oficial de água na região metropolitana. “Trabalhamos com um cenário muito pessimista, de 80% das chuvas ocorridas em 2013 e 2014 (início da atual crise), o que nunca tinha acontecido antes. Ou seja, estamos trabalhando com um cenário que nunca aconteceu.”
Fevereiro
Após janeiro deste ano ser o mais seco em 85 anos no Sistema Cantareira, o mês de fevereiro registra chuvas 36% acima da média e uma entrada de água nos reservatórios três vezes maior. Ontem, o nível do sistema subiu 0,1 ponto porcentual, chegando a 10,8%, já recuperando a segunda cota do volume morto. A Sabesp usa essa reserva profunda e aposta em outras cotas de até 80 bilhões de litros para atravessar os meses de seca, que vão de abril a setembro.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo