Para dirigentes da empresa, mesmo com poucas chuvas, obras ampliarão oferta de água na região metropolitana; Discurso repete a linha adotada por Alckmin; diretor da estatal diz, porém, que situação ainda é crítica.
Na mesma linha adotada na semana passada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), o comando da Sabesp informou ontem (25/2) que os moradores da Grande SP não deverão passar por um rodízio de água neste ano.
A condição para isso, mesmo com poucas chuvas em março, é a entrega de uma série de obras prometidas pela gestão tucana para aumentar a oferta de água na região.
"Na minha opinião, não será necessário fazer rodízio", disse Jerson Kelman, presidente da estatal da água.
"Mas não estou afirmando que não haverá [rodízio] porque o cronograma de obras pode atrasar e o cenário meteorológico poderá ser pior do que o esperado", completou, na sessão da CPI da Câmara Municipal que investiga o contrato entre a prefeitura da capital e a empresa.
Também presente à CPI, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, foi na mesma linha. "Hoje estamos com uma situação um pouco mais confortável", disse, numa referência às chuvas de fevereiro, que deram um leve fôlego aos reservatórios.
O sistema Cantareira, por exemplo, o principal da Grande São Paulo, passou de 5% para 10,8% neste mês, mas teria de atingir 29,2% apenas para recuperar todo o volume do fundo das represas que usou de forma emergencial desde o ano passado.
O Cantareira abastece 6,2 milhões de pessoas, em especial da zona norte.
Além do nível reduzido do reservatório, a entrada de água no sistema ainda continua abaixo da média.
Neste mês, em média, os rios da região descarregam 41,4 mil litros de água por segundo. A média para fevereiro é de 73,9 mil.
Massato, que no final de janeiro falou em um possível rodízio "muito pesado" e "drástico", ontem descartou a urgência da medida, mas admitiu a gravidade da situação dos mananciais de SP.
"Estamos ainda com uma situação crítica […] Estamos trabalhando em uma situação de contingência de grave crise hídrica", disse.
Billings
A aposta do governo para o período seco de 2015 é especialmente o uso da represa Billings para abastecer diferentes sistemas da Grande SP.
A partir de junho, por exemplo, o governo conta com a inauguração de um sistema de adutoras que ligará o sistema Rio Grande com o Alto Tietê, no extremo leste.
Com isso, as águas da Billings poderiam ser levadas, nessa sequência, para residências hoje abastecidas pelos sistemas Rio Grande, Alto Tietê e até do Cantareira.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo