Manifestantes comandados pelo MTST foram recebidos pela equipe da gestão Alckmin (PSDB). Ato que começou no largo da Batata reuniu 8.000 pessoas, segundo a PM, com carro-pipa e boneco em banheira
Por GIBA BERGAMIM JR. – da Folha de S. Paulo
Sem-teto fizeram na tarde desta quinta (26) um protesto contra a crise hídrica em São Paulo. Oficialmente, a Polícia Militar afirma que o ato reuniu 8.000 pessoas. No local, o comando da PM estimava 10 mil pessoas na manifestação.
O grupo se concentrou no largo da Batata, em Pinheiros (zona oeste), e seguiu para a sede do governo paulista. "Vamos ao Palácio dos Bandeirantes para exigir soluções", disse o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, colunista da Folha.
A manifestação terminou por volta das 21h20, quando uma comissão foi recebida por representantes da Casa Civil e da Casa Militar. Até a conclusão desta edição, não havia informações do que foi discutido durante a reunião.
Com a passeata, o shopping Iguatemi, na avenida Brigadeiro Faria Lima, chegou a baixar as portas. Não houve tumulto.
Um caminhão-pipa com 5.000 litros de água participava da manifestação. Segundo o motorista Antônio José da Silva, o aluguel de um veículo desse tipo pode custar até R$ 400. "O movimento contratou a gente. Mas ninguém vai desperdiçar água", disse.
O MTST usou o veículo em uma encenação. Simulou pessoas armadas escoltando o caminhão-pipa. "Se a água não chegar, a cidade vai parar", gritavam os ativistas.
Um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em uma banheira também foi levado pelos manifestantes.
APOIO
Além do MTST, participam partidos como PSOL e PC do B, além da CUT, ligada ao PT.
Os ativistas questionavam o lucro de acionistas da Sabesp e reivindicam a distribuição de cisternas e a construção de poços artesianos para famílias de baixa renda.
Eles também protestavam contra o fato de a Sabesp, segundo eles, beneficiar grandes empresas, com desconto na conta de água, e contra a sobretaxa aos consumidores que elevarem seus gastos.
"Na periferia falta água todos os dias, mas, para as empresas que pagam mais barato, não falta", afirmou Josué Rocha, também coordenador do movimento de sem-teto.
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.