Terminais de ônibus e postos da SPTrans ficaram lotados de passageiros; procura aumentou após tarifa zero para estudantes.
Por Giba Bergamim Jr.
Passageiros de ônibus vêm sofrendo dias de caos nos serviços do Bilhete Único na cidade de São Paulo e chegam a passar até dez horas em filas para serem atendidos.
O problema, presenciado pela Folha nos últimos dias em três terminais de ônibus, foi agravado após a tarifa zero para alunos de baixa renda implantada neste ano por Fernando Haddad (PT).
Na segunda (2) e nesta terça (3), quem buscava retirar um Bilhete Único ou obter informações sobre a gratuidade nos terminais Bandeira (centro), Lapa (zona oeste) e Pirituba (norte) enfrentava a fila em pé. Os dois últimos não têm bancos para acomodar as pessoas.
As filas se repetem nos postos da SPTrans (empresa municipal do transporte).
O motorista de caminhão Ronaldo Martins Reis, 40, chegou às 10h desta terça no terminal Pirituba para a retirada do vale-transporte do filho. Só às 20h foi atendido.
"Não sei o que é almoço. Mas meu filho precisa do bilhete e só saio daqui com ele", afirmou Reis.
Ali, havia três guichês. Um deles fazia atendimento preferencial a gestantes, pessoas com crianças de colo e idosos. Os outros dois atendiam os demais. "Não entendo por que demoram quase meia hora com cada pessoa", disse.
Reis acabou saindo de lá frustrado, sem o bilhete, porque não tinha o dinheiro para a taxa, de R$ 22. "Achei que debitariam dos créditos que ele tem, mas não pode."
Na Lapa, a demora era menor: quatro horas, tempo esperado pela doméstica Marta Regina, 46, que foi retirar o bilhete escolar do filho.
A SPTrans diz que vem aumentando o número de funcionários para reduzir filas e que estuda novas medidas "para qualificar o serviço, tendo em vista o aumento da procura pela gratuidade e da recarga de bilhetes".
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo