Por Fabrício Lobel
O envelhecimento dos canos (parte deles já centenários) é a principal causa de perdas de água nas tubulações da Sabesp. Na Grande SP, o desperdício com isso chega a 19,4% da água tratada.
Segundo a Sabesp, é impossível determinar com exatidão os pontos mais antigos das tubulações na capital. Antes da década de 30, quando técnicos instalavam e substituíam as tubulações, os registros eram feitos à mão, em pranchetas hoje perdidas.
Foi somente a partir daquela década que os dados passaram a ser registrados de uma forma mais consistente.
Sabe-se, no entanto, que a grande maioria das tubulações antigas está localizada na região central. Cerca de 20% dos canos da cidade têm mais de 40 anos, e a rede tem, em média, 33 anos.
As tubulações mais antigas são de ferro fundido, muitas de fabricação inglesa, e hoje sofrem com a idade avançada. Além de eventuais rachaduras e desencaixes, há um desgaste gerado devido a uma reação química.
Ao longo de décadas, os sais minerais da água se acumulam na parede da tubulação e reagem com o ferro. A calcificação dessa reação obstrui o cano, como ocorre com uma artéria doente.
Para reduzir esse processo, desde os anos 50 começaram a ser usados canos com revestimento interno de cimento e areia. A partir da década de 70, chegam os canos de PVC. E, desde 2005, utiliza-se cada vez mais o PEAD (polietileno de alta densidade), plástico maleável e resistente.
"A troca de tubulações é uma parte cara e difícil dentro do programa de redução de perdas", diz Dante Pauli, executivo da Sabesp."Todos falam do Japão como referência nesse sentido. Mas temos também que considerar que nós não temos os mesmos recursos do Japão", disse.
A primeira etapa de combate aos vazamentos é identificar os locais a serem reformados. A Sabesp faz isso, por exemplo, a partir de reclamações de clientes. Pode-se também usar um tipo de microfone capaz de escutar ruídos de vazamentos no subsolo.
Após encontrado o defeito, a Sabesp pode simplesmente trocar a tubulação ou apenas reabilitá-la. Na reforma, é usado um jato de pedras para a limpeza -o interior do cano é revestido com uma resina, ele é desinfetado, e a água volta a passar normalmente.
A Sabesp agora busca parcerias privadas para reduzir as perdas nos encanamentos.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo