Em 21 rios, a água tem qualidade tão ruim que não pode ser usada para o consumo mesmo depois de passar por tratamento.
Por Globo.com
A análise do grau de poluição de 111 rios brasileiros chegou a uma conclusão alarmante, nesses tempos de crise hídrica. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, em 21 rios, a água tem qualidade tão ruim que não pode ser usada para o consumo mesmo depois de passar por tratamento.
Não foi possível encontrar um único rio com água totalmente limpa. Ao todo, foram analisados 111 rios, espalhados por cinco estados e no Distrito Federal. Em mais de 23% dos casos, a qualidade da água foi considerada ruim ou péssima.
De acordo com a legislação brasileira, as águas nessa situação não podem sequer receber tratamento para consumo humano ou serem usadas para irrigar lavouras. É o caso do rio Tietê, em São Paulo.
No Rio de Janeiro, um dos rios mais poluídos já foi a principal fonte de água potável do município. Quando nasce no Morro do Corcovado, o Rio Carioca ainda é limpo. Mas depois de atravessar sete quilômetros escondido debaixo da cidade, fica como é mostrado no vídeo acima.
É tanta poluição que foi preciso construir uma estação de tratamento de esgoto no próprio Rio Carioca antes que ele desague na Baía de Guanabara, na Praia do Flamengo, uma das principais áreas de lazer da cidade. De acordo com o estudo divulgado nesta terça-feira (17), o Rio de Janeiro registrou no intervalo de apenas um ano, um aumento da poluição nos rios pesquisados.
Na comparação com o ano passado, as amostras de água com qualidade ruim ou péssima aumentaram de 40% para mais de 66%. Em São Paulo, caíram de 75% para 44%. Mas o principal motivo da queda foi a falta de chuva.
“Quando chove no Rio de Janeiro, rapidamente os rios drenam para o mar. Em São Paulo, eles vão parar nos rios. Mas a falta de chuva na cidade de São Paulo, fez com que toda essa carga de sujeira principalmente de fuligem, de ônibus, de caminhão, diesel, material particulado, tudo isso que ficou parado no solo, não caísse nos rios”, afirma Malu Ribeiro, pesquisadora S.O.S Mata Atlântica.
Para a pesquisadora, não haveria crise de abastecimento de água se houvesse mais cuidado com rios.
“Essa escassez que a gente vem enfrentando, a falta de água, esses dados revelam que não é porque nós não temos água. É porque nós deixamos vários rios, grandes rios que cortam cidades indisponíveis por causa da poluição. A gente teve um grande descaso com esses rios por falta de saneamento básico”, diz a pesquisadora.
Veja a reportagem no Jornal Nacional.
Matéria publicada no portal Globo.com.