Por FABRÍCIO LOBEL – Folha de S. Paulo
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) desistiu de utilizar a parte poluída da represa Billings para abastecer a Grande São Paulo. O alto custo para o tratamento dessa água é a principal justificativa para o engavetamento do projeto.
O plano inicial era transpor essa água para a represa do Rio Grande, que abastece o ABC. Para isso, seriam usadas bombas gigantes e tubulações para que a água passasse de uma represa para a outra, abaixo da rodovia Anchieta, que liga a capital ao litoral sul.
No Rio Grande, a água suja da Billings seria então diluída com a água boa do local. Depois, poderia ser levada por adutoras ao sistema Alto Tietê e, com isso, atender bairros abastecidos pelo Cantareira.
A Billings, chamada por Alckmin de grande "caixa-d'água" da Grande SP, vinha sendo pensada pelo governo como alternativa em caso de colapso completo do Cantareira, que operou ontem (18/3) com 12% de sua capacidade.
No entanto, novos cálculos apontaram que, apesar de existir tecnologia para tratar a água poluída da Billings, o custo seria muito alto -todo o processo de uma estação de tratamento precisa ser modificado a cada "tipo" de água.
A nova aposta do governo, vista como mais barata, é acelerar uma obra que estava prevista apenas para 2017.
Trata-se da construção de de uma adutora do Rio Pequeno, um braço limpo da Billings, para o Rio Grande.
"Talvez entre antes [em operação], em 2015", disse a secretária-adjunta de Recursos Hídricos, Mônica Porto, em evento nesta quarta.
O custo estimado da obra é de R$ 500 milhões. A meta é transportar 2.200 litros de água por segundo (4% do que é hoje consumido na Grande SP). A obra faz parte do primeiro pacote de obras de R$ 3,5 bilhões anunciado por Alckmin no ano passado.
Dessa forma, será possível manter o plano de interligação Rio Grande-Alto Tietê-Cantareira, mas sem todo o volume disponível da Billings, com capacidade para 1,2 trilhão de litros de água.
A ligação do Rio Grande com Alto Tietê por meio de adutoras, segundo o governo, ficará pronta até julho. Quando concluída, ela terá capacidade para transportar 4.000 litros de água por segundo.
CANTAREIRA
Ontem o governo teve mais uma derrota em suas apostas para driblar a crise hídrica.
O Tribunal de Contas do Estado mandou que a Sabesp faça novo edital para construir a adutora que irá transpor a água entre a bacia do rio Paraíba e o sistema Cantareira. A decisão se baseia em questionamento da Queiroz Galvão. Um novo edital deve atrasar a obra, prevista para 2016.
O governo estuda financiar a troca de vasos sanitários domésticos para modelos mais econômicos e a implantação de cisternas em locais de grande consumo, disse Mônica Porto. O modelo de financiamento não foi detalhado.
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.