Crescimento foi de 8,1%, passando de 86 para 93 casos
O Estado de São Paulo registrou em fevereiro queda nos principais índices de criminalidade, na comparação com o mesmo mês de 2014. A quantidade de homicídios registrada na capital foi um dos únicos pontos destoantes, com avanço de 8,1% no mês.
A Secretaria da Segurança Pública atribuiu a diminuição relativa dos registros criminais, entre outros fatores, ao cumprimento de mandados de prisão e às prisões em flagrante em todo o Estado; o número de detenções foi recorde para um primeiro bimestre desde 2001: 27.485 pessoas.
No Estado, o número de assassinatos ficou estável na comparação de fevereiro, com 330 casos. Os homicídios na capital, porém, avançaram. Houve 93 ocorrências no segundo mês deste ano, ante 86 no ano passado. “Já solicitei ao delegado-geral e à doutora Elisabete Sato, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), um encontro para nós avaliarmos as razões disso. Se há alguma lógica ou se são questões esporádicas, nas quais os homicídios às vezes ocorrem”, declarou o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, ao apresentar os dados estaduais.
Fevereiro registrou o sexto aumento relativo, levando em consideração os últimos 12 meses. Apesar disso, o número representa tendência de queda desde dezembro de 2014, quando foram registrados 105 casos. Em janeiro deste ano, foram relatados 97 assassinatos.
O secretário Alexandre de Moraes ponderou ainda que o índice de homicídios por 100 mil habitantes, tanto na capital como no Estado, são os menores do País. “Mesmo com essa variação para cima, a capital ainda tem um índice de 9,81 homicídios por 100 mil habitantes. Ainda mais baixo do que no Estado como um todo. Somos o único Estado da federação a ter esse índice com apenas um dígito.”
Fevereiro foi o segundo mês em que a Secretaria da Segurança apresentou dados de redução de casos de roubos, tanto na capital como no Estado. Anteriormente, esse índice teve alta por 19 meses consecutivos, entre o segundo semestre de 2013 e todo o ano de 2014.
No Estado, o número caiu 5,54%, passando de 25.279 casos no ano passado para 23.878 em 2015. Na capital, a redução foi de 5,9%, saindo de 13.171 ocorrências para 12.396 casos. “Costumo dizer que mais importante que os porcentuais são as pessoas. No caso de roubos, com essa diminuição de 5,54%, houve menos 1.401 ocorrências. São 1.401 pessoas que deixaram de ser roubadas”, disse Moraes.
A queda nos roubos coincide com o período de vigência da necessidade de posse do número IMEI para registro de roubos de celulares pela internet. Os casos envolvendo esses aparelhos representaram 13,87% das ocorrências de roubo no Estado no mês passado e a população chegou a reclamar contra a exigência.
O número permite o bloqueio e a consequente inutilização do aparelho. “Tivemos uma melhoria absolutamente real. Não é por causa de supernotificação ou subnotificação”, comentou o secretário.
Dados de latrocínios – com queda de 39,4% -, roubos de veículos – redução de 27,3% – e furtos – recuo de 14,1% – foram outros indicadores que apresentaram queda na análise de todas as ocorrências na capital e também no interior do Estado.
Seguro mais barato
Diante dos resultados positivos com relação à redução de roubos e furtos de veículos em todo o território paulista (28,9% e 15,1%, respectivamente), a secretaria informou oficialmente que pedirá redução no preço das apólices de seguros praticados no mercado paulista.
Para pesquisador, letalidade policial deve ser analisada
Neste ano, a tendência que vinha sendo observada no ano passado de queda de homicídios e aumento de roubos se inverteu. A letalidade das polícias pode ser uma das saídas para auxiliar na interpretação da situação.
É como pensa o pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudo da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP). Para ele, o recorde de mortes cometidas por policiais no ano passado demonstra que “tem algo acontecendo”. “O que destoa é a violência policial, que, apesar de ter sido alta durante toda a década, no ano passado teve um crescimento absurdo e escandaloso”, disse.
Ele explicou que os crescimentos inesperados podem indicar conflitos. “Os aumentos abruptos mostram algum procedimento que não estamos identificando de imediato”, afirmou. Manso detalhou que o homicídio é um tipo de crime que provoca reações. “Costumam ser efeitos conjuntos que acabam atingindo gangues, grupos e até a polícia. São casos localizados”, disse.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo