Por Leandro Machado
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), abandonou de vez a ideia de estender o rodízio de veículos a vias da periferia e de aumentar o período de restrição para além dos horários de pico.
Hoje, o rodízio de veículos vale no chamado centro expandido das 7h às 10h e das 17h às 20h, com exceção de finais de semana e feriados.
A expansão das vias foi dada como certa no ano passado pelo secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
Ele queria incluir no sistema 400 ruas e avenidas, num total de 371 km, inclusive na periferia. Eixos importantes, como a Radial Leste teriam trechos"proibidos" maiores.
Na época, Tatto dizia que a medida diminuiria o número de carros nas ruas e melhoraria a fluidez do trânsito.
Outra ideia da gestão Haddad era aumentar o período de restrição para o dia inteiro, fórmula implantada durante a Copa e que, na ocasião, reduziu os congestionamentos.
Agora, segundo a Folha apurou, o prefeito decidiu abandonar as duas propostas. Ele recebeu estudos da CET que não comprovavam uma melhoria do tráfego com a expansão de rodízio de veículos.
Para justificar a desistência, Haddad usa o termo "mexicanização", numa referência à Cidade do México. Para fugir da norma, mexicanos compraram mais de um carro, e a frota acabou aumentando, em vez de diminuir.
Frota crescente
No ano da implantação do rodízio, em 1997, São Paulo tinha 4,4 milhões de veículos –com exceção das motos. À época, a expectativa era que 20% deixassem de circular nos horários de pico.
Mas o efeito inicial foi anulado porque a frota cresceu 55% nos últimos 18 anos, atingindo 6,8 milhões neste ano.
"Quem tem renda alta compra outro carro. Quem não tem muda o horário da viagem. O rodízio hoje é inócuo", diz Horácio Figueira, especialista em transporte.
"O correto seria não proibir as pessoas de circular, mas sim propiciar transporte de qualidade. Ônibus e metrô em São Paulo são superlotados", diz Sergio Ejzenberg, especialista em trânsito.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo