Plano ainda está em discussão e deve ser colocado em prática após a atual gestão entregar os 400 quilômetros prometidos.
Por Rafael Italiani
A Prefeitura de São Paulo planeja fazer mais de 1.500 quilômetros de ciclovias até 2030, segundo o plano de mobilidade urbana publicado pela Secretaria Municipal de Transportes. A proposta, ainda embrionária, será debatida com cicloativistas e outros setores da sociedade civil.
A criação de ciclovias nos mais de 17 mil quilômetros de ruas, avenidas e viadutos da capital paulista foi dividida no Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob) em três etapas: 2016, 2024 e 2030.
Vias importantes, como as Avenidas Ibirapuera, Rebouças, Brasil, dos Bandeirantes, 9 de Julho e a Rua da Consolação, deverão ter ciclovias em quase todo o trajeto.
Em tese, o plano para aumentar a rede cicloviária será colocado em prática assim que a gestão Fernando Haddad (PT) terminar os 400 quilômetros prometidos para o fim do mandato – hoje, a cidade tem 264,8 quilômetros de faixas exclusivas para bikes.
Prioridade
Mesmo que a proposta seja a médio e longo prazos, os cicloativistas aprovam o plano de mobilidade para as bicicletas. “Isso não prioriza apenas ciclistas, mas garante a segurança da população”, disse William Cruz, do site Vá de Bike. De acordo com ele, por ser polêmico, o novo projeto “esquenta” a discussão sobre o papel da bicicleta na capital. “Hoje, temos uma geração crescendo em meio aos debates. São crianças que pedalam com os pais e sabem que podem se locomover pela cidade pedalando.”
Em 2016, a meta é entregar 220 quilômetros de ciclovias. Parte vai passar por nove pontes, seis viadutos e cinco passarelas. Também está prevista a construção de três ciclopassarelas. Uma delas ligará a Avenida Thomas Edison, na Barra Funda, zona oeste, à Avenida Engenheiro Caetano Álvares, no Limão, zona norte, passando sobre o Rio Tietê.
Para 2024, haverá duas pontes com estrutura cicloviária, além de faixas em 13 viadutos, cinco túneis que passam sob trilhos de linhas de trem e do Metrô, 11 passarelas e mais 400 quilômetros de ciclovias.
Com essas estruturas mais o que é planejado para 2030, a cidade chegaria a mais de 1.500 quilômetros, total que leva em conta a malha já existente.
Velocidade. Para Daniel Guth, diretor da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), a Prefeitura também precisa pensar em medidas para diminuir a velocidade nas vias.
“Vamos incluir algumas questões. Nossa ideia é criar capítulo para ‘acalmar’ o tráfego e reduzir a velocidade, para melhor convívio de todos na cidade.”
De acordo com Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela USP, “as ciclovias têm de ser complemento à mobilidade, e não solução”. Segundo ele, a Prefeitura também precisa fazer corredores de ônibus.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo