Projetos somam 1.400 km, equivalentes a uma viagem de SP a Porto Seguro (BA); Rio deve manter liderança no tamanho da rede; qualidade e falta de manutenção são motivo de queixas.
Por Paulo Peixoto e Juliana Coissi
Os prefeitos das capitais brasileiras planejam quase dobrar a rede de ciclovias até 2016. Os 1.400 km a serem entregues equivalem a uma viagem por terra entre São Paulo e Porto Seguro (BA).
A previsão de ampliar as vias atinge ao menos 20 capitais, conforme levantamento da Folha. As pistas para os ciclistas nas capitais somarão 3.108,2 km, dos quais 1.410,5 km ainda serão criados.
Embora a expansão seja comemorada por cicloativistas, os questionamentos frequentes sobre as pistas da capital paulista, implantadas por Fernando Haddad (PT), se repetem em outros lugares.
Por exemplo, reclamações de má qualidade dos projetos, falta de manutenção e ociosidade de algumas faixas –além da preocupação com os recursos para viabilizá-las.
Algumas promessas (caso de Palmas, Belo Horizonte e Curitiba) são ancoradas em verbas do PAC Mobilidade do governo federal, que tem feito cortes orçamentários em 2015. Na conta das prefeituras estão incluídas as calçadas compartilhadas –para pedestres e ciclistas.
"As ciclovias estão abandonadas, há lixo, falta semáforo, poste no meio", queixa-se Augusto Schmidt, da BH em Ciclo, associação dos ciclistas de Belo Horizonte.
Se as previsões forem cumpridas, o Rio deve se manter líder em ciclovias entre as capitais: terá 450 km delas, ante 400 km prometidos pelo prefeito de São Paulo.
Curitiba e BH preveem chegar a 427 km e 220 km de ciclovias, respectivamente. Ambas estão criando rotas compartilhadas em vias menos movimentadas e com velocidade máxima de até 30 km/h.
A expansão das rotas de bicicletas enfrenta resistência de comerciantes, motoristas e de parte dos moradores.
Alexandre Nascimento, do Ir e Vir de Bike, de Curitiba, avalia que tudo parece "sempre muito experimental".
"Se as obras fossem realizadas com a mesma grandeza com que são anunciadas, Curitiba estaria perto de se tornar uma Copenhague", diz Oscar Cidri, do Bicicleteiros.
"Não há iluminação, segurança, sinalização adequada", afirma a empresária Priscila Shroeder, 40, de Florianópolis, criadora do grupo Duas Rodas.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo