Por JELDEAN SILVEIRA DA REDAÇÃO – Portal da Câmara Municipal de São Paulo
O conceito e implantação da infraestrutura cicloviária da cidade de São Paulo foi o tema discutido durante o seminário ‘Pensando a Cidade’ na noite de segunda-feira (18/5), na Câmara Municipal de São Paulo. Cicloativistas debateram junto ao secretário de municipal de Transportes, Jilmar Tatto, os principais avanços e as perspectivas para melhorar a mobilidade na cidade . A iniciativa do encontro foi do vereador José Police Neto (PSD).
Em São Paulo está previsto no Plano de Metas da prefeitura que 400 km de ciclofaixas permanentes serão construídas até 2016. O secretário de Transportes falou das principais dificuldades e os próximos passos da implantação das ciclovias na Capital. “As dificuldades foram de toda ordem, primeiro financeira, e depois o projeto em si. A cidade não estava preparada, não existia uma cultura, até mesmo na CET (Companhia de Engenharia de Trafego), de pensar a ciclovia, pensar na ótica do ciclista. Só existia o pensamento do ponto de vista do carro. Felizmente, a CET incorporou o plano e conseguiu buscar uma maneira de evitar transtorno na cidade, principalmente para o pedestre e o transporte publico”, afirmou.
Tatto ainda afirmou que este número pode ser triplicado nos próximos 15 anos. “Estamos finalizando o Plano de Mobilidade, que é uma exigência do Plano Nacional de Mobilidade, onde verificamos que é possível construir 1,5 mil km de ciclovias em toda a cidade de São Paulo. Estamos nos propondo a fazer 400 km nesta gestão, mas se cada gestão se propuser a realizar os 400 km, teremos até 2030 os 1,5 mil km”, afirmou.
Alguns casos de sucesso na implantação das ciclofeixas foram apresentados no encontro, como as vias de Bogotá (Colômbia). Segundo Police Neto, são quase 800 km de ciclofaixas ou “ciclorutas” colombianas, que atendem pouco mais de 1 milhão de pessoas diariamente na cidade.
O cientista político colombiano Andres Jara, que trabalhou na implantação do sistema na Colômbia, acredita na capacidade que São Paulo tem para incorporar o paulistano no uso do modal e até sugeriu algumas melhoras no sistema. “São Paulo é uma cidade enorme, que tem capacidade de se tornar o maior sistema cicloviário da América Latina. É preciso apenas que haja mais facilidades para que as pessoas utilizem as bicicletas. Sobre tudo na região Central, que tem a topografia facilitadora. Melhoras no desenho do sistema para mais integração com transporte público e na infraestrutura podem trazer mais segurança para que as pessoas a utilizem”, sugeriu.
O pesquisador da Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Carlos Torres, sugeriu um novo estudo para analisar a adesão dos ciclistas paulistanos. “Essas informações ajudam a prefeitura a melhorar a infraestrutura da cidade. No começo das pesquisas existiam pouquíssimas estruturas cicloviárias, e por isso queríamos passar essa informação para quem queria pedalar. Hoje, com essa estrutura em formação, precisamos de novos estudos para poder contar quantos ciclistas têm nas ciclovias. Essas pesquisas devem ser feitas de forma sistemáticas”, disse.
Após os avanços do sistema de ciclofaixa na cidade, Torres acredita que uma tendência ao estímulo para novos ciclistas são os sistemas de bikes compartilhadas. “Essa parceria da prefeitura com as empresas privadas é o melhor caminho. No mundo inteiro vem dando certo e acho que é uma tendência, algo que está crescendo e trás as pessoas para pedalar na cidade”, afirmou.
“O que importa para a gente é que a bicicleta vem tomando um espaço importante para a cidade ser sustentável, eficiente, efetiva e eficaz. Temos que tornar isso uma realidade em São Paulo. Temos que ter possibilidades seguras e efetivas. Por isso, pensar num sistema de proteção e de incentivo. O que a gente acredita é que a presença da bicicleta cada vez maior pode tirar um estresse do trânsito e favorecer o transporte coletivo”, ressaltou o vereador Police Neto.
Matéria publicada originalmente no portal da Câmara Municipal de São Paulo.