Média de 109 km na volta para casa este ano é 16,3% menor que em 2014; No total do dia, lentidão caiu quase 10%, segundo dados da companhia.
Por Márcio Pinho
Os congestionamentos diminuíram no horário de pico da tarde e tiveram uma leve alta no pico da manhã na capital paulista neste ano. E a média da lentidão, ao longo do dia, caiu quase 10%. É o que mostram dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) repassados ao G1.
De janeiro a abril deste ano, a média do congestionamento no pico da tarde foi de 109 km, 16,3% menos do que o registrado no mesmo período do ano passado – 130,25 km. O pico de congestionamento da tarde costuma ocorrer por volta das 19h. A CET monitora 868 km nas vias de São Paulo.
A lentidão à tarde caiu em várias das principais avenidas de São Paulo. É o caso das duas marginais, da Radial Leste e na Avenida 23 de Maio. Na Marginal Tietê, por exemplo, a queda foi de 32 km para 29,5 km – redução de 7,8%.
Pela manhã ocorreu o contrário, mas não na mesma proporção, já que houve apenas um pequeno aumento da lentidão. A média de congestionamento por volta das 9h chegou a 97,5 km, o que representa 2,1% mais do que os 95,5 km do ano passado.
Também houve redução dos congestionamentos na cidade se considerado o dia todo, e não apenas os picos da manhã e da tarde. No total do dia, considerando também os entrepicos, a lentidão na cidade caiu de 135,1 km para 121,7 km, uma redução de 9,9%.
Motivos
A Prefeitura de São Paulo credita a melhoria no trânsito às obras de mobilidade da gestão Fernando Haddad que estariam contribuindo para a redução do uso do automóvel na cidade. Foram implantados 475,4 km de faixas exclusivas e corredores para ônibus, por exemplo. Outro investimento é em ciclovias, e a cidade tem hoje mais de 210 km. A CET diz ainda que são feitas melhorias viárias, como a revitalização semafórica.
Para o professor da área de transportes da Unicamp, Carlos Alberto Bandeira Guimarães, porém, não se pode creditar uma melhora a apenas um ou dois fatores. Ele afirma que possivelmente houve uma conjuntura favorável. "Pode ser uma soma, uma diminuição do uso do carro por causa do desemprego e da situação econômica do país, por causa do aumento do preço do combustível e também de algumas medidas de engenharia de tráfego", diz.
Ele afirma que as faixas de ônibus melhoraram a velocidade dos ônibus e incentivaram o uso do transporte, mas que isso não seria capaz de causar uma melhora significativa de forma rápida. "Melhora no trânsito de São Paulo, só se houvesse uma grande melhoria e ampliação do transporte público num projeto de médio prazo", avalia.
Acidentes
O secretário dos Transportes do município, Jilmar Tatto, afirmou no final de abril que o aumento nos acidentes de trânsito em 2014 está ligado à maior velocidade dos carros. Segundo ele, o congestionamento “deixou de aumentar muito”. “As velocidades estão aumentando na cidade de São Paulo. É isso que nós estamos detectando”, afirma.
Isso teria contribuído em parte para os 1.195 acidentes fatais no trânsito de São Paulo em 2014, uma alta de 7,2% em relação ao ano anterior.
Com base em números como esse, a Prefeitura decidiu reduzir a velocidade máxima permitida em 100 km de vias. Entre as afetadas estão as duas marginais, onde o limite vai cair de 90 km/h para 70 km/h.
Tatto também citou ampliação do uso dos aplicativos, o que teria ajudado a melhorar o tráfego na cidade e, consequentemente, aumentar a velocidade média dos veículos.
Fugindo da Marginal e Radial
Segundo o Waze, o número de usuários aumentou 114% nos primeiros quatro meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do aumento, a média de distâncias, tempo e velocidade média continuam os mesmos. Ou seja, um motorista continua percorrendo 16 quilômetros em 40 minutos na velocidade de 24 km/h.
Outros aplicativos também bastante usados por quem quer fugir do trânsito são o Maplink e o Google Maps.
A estudante de publicidade Larissa Abreu, de 22 anos, é uma das usuárias de aplicativos para fugir do trânsito na Grande São Paulo. Adepta do Waze, ela conta que está sempre conectada para buscar atalhos para sair e chegar da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo. O objetivo principal é evitar vias como a Marginal Tietê, a Radial Leste.
"Sou meio perdida e me ajuda muito. Pego várias ruazinhas menores pra escapar do trânsito e ganho tempo", diz Larissa, que vai com frequência com seu carro à Vila Mariana, na Zona Sul, para visitar amigos.
Ela diz não concordar com uma possível melhora nos congestionamentos, conforme indicado pelos números da Companhia de Engenharia de Tráfego. "Acho que nas principais avenidas, o trânsito está a mesma coisa". Por isso, a estudante conta que ativa o Waze mesmo quando está no táxi, para poder orientar o taxista sobre o melhor caminho a tomar.
Matéria originalmente publicada no portal do G1