Por Venceslau Borlina Filho
Considerada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) a obra mais eficiente para a segurança hídrica da Grande São Paulo e da região de Campinas, a transposição entre as represas Jaguari (na bacia do rio Paraíba do Sul) e Atibainha (Cantareira) deve ficar pronta somente em 2017.
A expectativa da Sabesp era começar as obras em maio e concluir a primeira fase do projeto ainda em 2016. Mas diversos problemas –de burocráticos a financeiros– levaram ao atraso. Agora, a previsão da Sabesp é iniciar as obras em agosto e terminá-las em fevereiro de 2017.
O projeto, orçado em R$ 830 milhões e que visa garantir até 8.500 litros por segundo ao Cantareira, foi alvo de embate com os Estados de Rio e Minas devido à disputa pela água do Paraíba do Sul.
Além dessa obra de médio prazo, outra aposta paulista contra a crise hídrica, de curto prazo, sofreu atraso: a ligação do sistema Rio Grande (braço limpo da represa Billings) ao Alto Tietê, inicialmente prevista para maio e postergada para setembro.
No caso da transposição entre as represas Jaguari e Atibainha, houve questionamentos no TCE (Tribunal de Contas do Estado) que obrigaram a Sabesp a preparar um novo edital de licitação.
Além disso, embora esteja inserida no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a pedido de Alckmin, ainda não houve aval ao pedido de financiamento pelo BNDES.
A situação da Sabesp para obter empréstimos também ficou mais complicada após a crise hídrica derrubar os lucros da companhia.
No dia 20, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a posição da Sabesp sob a alegação de enfraquecimento financeiro e expectativa de maior deterioração fiscal em razão da escassez de água.
Em nota, a Sabesp informou que faz "todos os esforços para que [a obra] seja executada no menor prazo possível". A companhia informou ainda que a decisão da Fitch não alterou as tratativas no BNDES, "que estão bastante avançadas".
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, afirmou em visita à região de Campinas que as obras inseridas no PAC terão os prazos de execução "alongados" depois do corte no Orçamento federal. A pasta, porém, prevê a aprovação do empréstimo neste mês.
O professor da Unicamp Antonio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos, diz que a obra de interligação requer cuidado porque a tubulação vai receber grande volume de água e requer reforço para evitar vazamentos.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo