Por Hermínio Bernardo e Igor Costa
Começou nesta terça-feira a 3ª Semana Estado de Jornalismo Ambiental 2015. Até sexta-feira, jornalistas, pesquisadores e ativistas do meio ambiente irão discutir como a cobertura jornalística pode colaborar com a melhora da qualidade de vida da população. Os primeiros palestrantes são Maurício Broinizi, coordenador da secretaria executiva do movimento Nossa São Paulo, e Paulo Saldiva, médico especialista em poluição atmosférica e professor de medicina da USP.
A organização que Broinizi coordena luta pela criação de novos observatórios das cidades. Em seus oito anos de atividade, a rede buscou melhorar a divulgação de índices sobre a qualidade de vida nas cidades. “Os indicadores sociais, políticos, econômicos e ambientais são uma boa ferramenta para sanar as necessidades dos moradores. Cada indicador pode ser explorado pelos jornalistas para mostrar como essas informações afetam a vida da sociedade.” Criada há oito anos, a Rede Nossa São Paulo colaborou para o surgimento de 60 observatórios espalhados pelas cidades do Brasil.
Maurício Broizini e Paulo Saldiva discutem influencias das áreas verdes na vida da população.
A rede também se une a movimentos sociais que lutam pela criação de novas áreas verdes e preservação das que já existem. “A criação de novas áreas verdes pode ajudar a controlar a temperatura, problemas de drenagem e colaborar com o paisagismo da cidade. Nada mais justo que lutar por isso.”
Para Saldiva, a criação de novas áreas verdes dentro dos centros urbanos irá gerar melhora na saúde da população. ” Pessoas que moram próximas a parques têm 30% a menos de chance de desenvolver doenças cardiovasculares.”
Parques mais arborizados também podem melhorar a qualidade do ar de São Paulo. “Parques absorvem a poluição. A cidade precisar ser repensada para funcionar em trermos de qualidade de vida.”
Problemas de mobilidade urbana também influem na qualidade de vida. Ficar preso durante horas no trânsito tem consequências até no crescimento econômico da cidade. “A cidade passa a ser um obstáculo quando se perde muito tempo o carro. Estudos apontam que a velocidade média do trânsito em São Paulo é de 9 km/h, mais lento que os bandeirantes em mulas no século XVII. Quem vai pagar por esse prejuízo?”, questiona Saldiva.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo