Mesmo com estudos de impacto inconclusos, secretário diz que interdição é certa.
Por Rafael Italiani
A Prefeitura de São Paulo fechará definitivamente o Minhocão para veículos todas as tardes de sábado, a partir julho, segundo o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Ontem, ele e técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estiveram no Elevado Costa e Silva para o primeiro dia de testes de fechamento aos sábados, a partir das 15 horas – atualmente, a via fica bloqueada para carros a partir das 21h30, sendo liberada às 6h30 da segunda-feira.
"Temos a convicção de que é possível fechar o Minhocão. Não traz grandes transtornos para a cidade", disse Tatto. Em horários de pico – em dias úteis e aos sábados – entre mil e 1.500 veículos trafegam diariamente em cada um dos sentidos do Minhocão, segundo a CET.
Mesmo com os estudos de impacto inconclusos, para Tatto, o fechamento é certo. "Tem uma opinião da Secretaria Municipal de Transportes de que dá para fechar. A decisão definitiva é do prefeito. Mas nosso parecer é de que pode fechar em definitivo o Minhocão", disse.
A Prefeitura escolheu fazer o primeiro teste ontem por ser o fim de semana da Virada Cultural (veja mais informações na página A30). Na programação, havia atividades previstas sobre o elevado. Mas, a pedido da Polícia Militar, o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou que o Minhocão não recebesse eventos por questões de segurança.
Vizinhança
O aposentado Paulo Penteado, de 65 anos, mora há 40 anos ao lado do Minhocão e disse ter caminhado sobre o elevado apenas três vezes. "Só fui quando teve Virada Cultural. Por mim, explodiriam o Minhocão para fazer uma avenida maior e arborizada."
Já o publicitário Alexandre Colozio, de 32 anos, vizinho há dez anos do elevado, defende a permanência do Minhocão. "Eu mesmo nunca andei lá por falta de tempo. À noite, não me sinto seguro, mas acho positivo incentivar as pessoas a praticar atividades ao ar livre."
Para a advogada Alethea Lemos, de 30 anos, o fechamento nas tardes de sábado é prejudicial. "Uso o carro, e esse fechamento mais cedo vai deixar o caminho mais longo para chegar à Marginal do Tietê", afirmou. Ela também nunca pisou sobre o Minhocão.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo