Sem motoristas, novos ônibus estão parados há 8 meses em Congonhas

Por Ricardo Gallo

Por falta de motoristas, 22 ônibus zero-quilômetro destinados ao transporte de passageiros estão parados há oito meses em um hangar do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.

A Infraero, estatal que administra o aeroporto, comprou os veículos em 2013, por R$ 415 mil cada –R$ 9,1 milhões no total. A entrega se deu em novembro e, desde então, os ônibus estão armazenados em um hangar da extinta Vasp, numa área pouco utilizada de Congonhas.

Os veículos deveriam ser usados para levar passageiros que embarcam ou desembarcam em uma posição conhecida como "remota" –fora das pontes de embarque.

Enquanto isso, passageiros estão sendo transportados no aeroporto em 19 ônibus que, segundo funcionários, têm problemas constantes.

Esses ônibus são alugados de uma terceirizada, também responsável pela manutenção. Os motoristas são igualmente cedidos pela empresa.

Em novembro, o site da Infraero anunciou a chegada dos ônibus, que têm "visual inspirado na bandeira do Brasil e na marca da empresa".

Na ocasião da contratação, o governo federal especificou que os veículos têm capacidade para levar 52 passageiros, limitador de velocidade de 60 km/h, área reservada para cadeira de rodas e espaço para bagagens de mão.

A estatal estima que os 22 ônibus passem a rodar em até 60 dias –na segunda quinzena de agosto– em substituição aos 19 veículos atuais.

Motoristas

O problema ocorreu porque foi necessário contratar motoristas para dirigir os novos ônibus, em outra licitação. Esse processo já foi homologado e está em vias de ser concluído, diz a estatal federal.

Como o contrato atual de cessão de motoristas está vinculado ao contrato anterior, de aluguel de ônibus, esses profissionais não podem ser aproveitados nos novos veículos, segundo a estatal.

Congonhas receberia originalmente 27 ônibus, segundo o edital de contratação. Cinco foram transferidos para o aeroporto Santos Dumont, no Rio. Eles também estavam em Congonhas até o mês passado, quando foram levados para o novo destino.

A Infraero está em grave crise desde que o governo concedeu os aeroportos mais lucrativos à iniciativa privada, em 2012 e 2013.

Antes superavitária, passou a ter prejuízos sucessivos. No fim de 2014, havia a projeção de prejuízos operacionais de R$ 500 milhões durante 2015, rombo a ser coberto pelo Tesouro Nacional.

Outro lado

Os ônibus parados em Congonhas circularão em até 60 dias, estima a Infraero, estatal que gere o aeroporto.

Os últimos passos para isso ocorrer estão sendo cumpridos, afirma a estatal.

Uma licitação recém-homologada contratou os motoristas que irão operar os ônibus, "estando apenas em fase de assinatura de contrato e apresentação de garantias legais", informa nota enviada à reportagem.

Segundo a empresa, os 19 ônibus terceirizados de Congonhas atendem hoje de modo adequado a demanda.

A diferença no novo contrato é que os ônibus e manutenção são próprios; apenas os motoristas são de fora.

Em 2013, a empresa abriu pregão eletrônico para contratar 58 ônibus.

Exceto pelos 22 de Congonhas –o aeroporto a receber mais veículos–, todos os demais 36 estão rodando: são 17 no Santos Dumont (Rio), quatro em Belém e três em Cuiabá; Manaus, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis (dois cada) e Maceió e Salvador (um) são os outros terminais beneficiados. 

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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