Pesquisa sobre qualidade de vida em São Paulo mostra que quem brinca está mais feliz com o lugar onde mora.
Por Prioridade Absoluta, do Instituto Alana.
Andar de bicicleta, de skate, de patins, brincar, empinar pipa, ficar na rua, jogar bola, jogar futebol, fazer passeios culturais, educacionais, esportivos fora de casa e se reunir com amigos são atividades coletivas que podem gerar um grau de satisfação maior entre crianças e adolescentes com relação à cidade de São Paulo. A observação foi feita com base nos resultados da pesquisa IRBEM Criança e Adolescente, realizada pela Rede Nossa São Paulo, com parceria do Ibope Inteligência e apoio do Instituto Alana e do Instituto C&A.
O estudo avaliou, entre os dias 13 e 30 de junho de 2015, a percepção e o grau de satisfação de 805 crianças e adolescentes, de 10 a 17 anos, sobre diversos aspectos da cidade de São Paulo. Ao cruzar os dados de satisfação com as atividades praticadas fora do horário escolar foi possível inferir que aqueles que realizam apenas tarefas ou brincadeiras individuais, como ajudar nos serviços domésticos, assistir TV, dormir durante o dia, ficar no computador, etc., tendem a ser menos satisfeitos com a qualidade de vida na cidade de São Paulo.
Ao todo, 58% das crianças e adolescentes entrevistados afirmaram que realizam ao menos uma atividade coletiva e 42% disseram que praticam somente atividades individuais. Este segundo grupo, formado principalmente por meninas (72%) e adolescentes entre 15 e 17 anos (59%), se diz “pouco satisfeito” em relação à cidade e considera o bairro “apenas um lugar para se morar”, enquanto que a maioria daqueles que brincam, empinam pipa, jogam bola, etc., se sentem parte de uma comunidade em relação ao bairro que moram (58%). Na avaliação da satisfação geral da qualidade de vida em São Paulo a média da nota (de 1 a 10) do grupo que pratica atividades coletivas foi de 7,4, enquanto que no individual o número cai para 6,6.
Em outros itens da pesquisa também é possível perceber que aqueles que realizam atividades coletivas, que normalmente ocorrem na rua, possuem uma percepção positiva do entorno onde moram. Ao perguntar sobre a satisfação na relação com os vizinhos, aqueles que brincam, empinam pipa, jogam bola, etc. ficaram com uma média de 7,3, já os que assistem TV, dormem durante o dia, ficam no computador, etc. a média ficou em 6,1.
Entre as crianças, de 10 a 11 anos, 30% realizam atividades coletivas perante 10% que praticam individualmente. Das crianças que participaram da entrevista, 55% afirmam que brincar é a principal ocupação quando não está na escola, seguido de assistir TV (22%) e jogar bola (21%). As atividades praticadas nos parques, na rua ou em qualquer lugar fora de casa aparecem na pesquisa como variáveis importantes na relação das crianças e adolescentes com a cidade e no relacionamento com as outras pessoas. Vivenciar a rua no momento de lazer e tempo livre ajuda a construir uma percepção mais humana do bairro, da cidade e de seus moradores.
Matéria publicada originalmente no site do projeto Prioridade Absoluta, do Instituto Alana.