Meta fixada para 2020, de reduzir em 40% o número de mortos e feridos graves, foi batida em 2014.
Novo limite foi implantado em 25% das ruas da capital inglesa, o que representa 280 km.
Por LEANDRO COLON, DE LONDRES – Folha de S. Paulo
Um estudo mostra que a cidade de Londres já atingiu a meta estabelecida para 2020 de reduzir em 40% o número de mortos e feridos graves em acidentes de trânsito.
Um dos principais fatores destacados pela prefeitura e por ativistas é o enfoque dado à implementação do limite de 20 milhas por hora (32 km/h) em ruas e avenidas estratégicas da capital britânica.
São as chamadas "20 mph zones", que já representam 25% (ou 280 km) de todas as vias de Londres.
O percentual mais do que dobrou desde que o atual prefeito, o conservador Boris Johnson, assumiu. No seu primeiro ano de governo, entre 2008 e 2009, 11% das ruas obedeciam esse patamar, segundo dados da prefeitura.
Oito novas faixas foram anunciadas em março deste ano, entre elas uma que liga o famoso Big Ben à também turística London Bridge, e em outros trechos movimentados, como nas regiões de Camden Town, Earls Court e King Cross. Parte delas tinha velocidade máxima de 32 mph, ou 51 km/h.
As vias expressas continuam com limites maiores, mas a prefeitura trabalha para que as demais sigam a tendência das "20 mph zones".
O bairro de Tower Hamlets quer que todas as suas ruas tenham esse patamar e conta com apoio popular: em consulta pública, 80% dos moradores aprovaram a redução de velocidade.
No fim de 2012, a prefeitura divulgou um plano cuja prioridade era a redução em 40% do grupo chamado de "KSI" ("killed and seriously injured", ou morto e gravemente ferido).
Para tanto, anunciou foco em medidas como as zonas de 20 mph, instalação de câmeras de vigilância, fiscalização de veículos, programa de educação no trânsito entre outras coisas.
Como parâmetro, utilizou a média anual de 3.600 ocorrências entre 2005-2009.
Balanço divulgado pela prefeitura em junho deste ano aponta 2.100 registros em 2014, queda de 40%, como queriam as autoridades para seis anos mais tarde.
Na análise do número de mortos, separando-o dos de feridos com gravidade, a proporção é a mesma: 127 em 2014 ante a média de 211.
Quando se leva em conta apenas ocupantes de veículos como vítimas, a redução chega a 67%, ou, em números absolutos, de 949 para 316.
Agora, a prefeitura quer reduzir pela metade esses novos índices até 2020.
Duas entidades que militam pela segurança do trânsito em Londres ouvidas pela Folha, "Brake" e "Living Streets", consideram as zonas de 20 mph como fundamentais para a mudança.
"A prova de que a redução do limite de velocidade reduz o número de mortes é irrefutável. Se você é atingido por um carro a 20 mph, tem 97% de sobreviver, mais do que se for a 35 mph [56 km/h], cuja probabilidade é de 50%", diz Sarah Williams, diretora da "Living Streets".
"Apesar da queda do 'KSI", os ferimentos leves crescem e isso é importante porque atinge as pessoas que caminham nas ruas e pedalam" destaca Ed Morrow, diretor da "Brake".
Nas ruas com 20 mph, quem for flagrado acima desse limite perde três pontos na carteira de habilitação e leva multa de 100 libras (R$ 510). Quem atinge 12 pontos em três anos tem a licença para dirigir suspensa por pelo menos seis meses, podendo chegar a dois anos, dependendo da reincidência.
SÃO PAULO
Em São Paulo, o número de mortes em acidentes de trânsito subiu em 2014 após dois anos em queda.
Segundo relatório da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), foram 1.249 vítimas no ano passado, ante 1.152 em 2013 –aumento de 8%.
O número de feridos em acidentes também cresceu –foram 4% de aumento, de 423 para 441–, mas a CET considera nesse dado apenas os feridos envolvidos em acidentes em que houve ao menos uma vítima fatal.
O número geral de acidentes com vítimas em 2013, independentemente da gravidade, foi de 25.560, queda de 5% sobre o ano anterior.
O dado de 2014 não foi divulgado pela gestão Fernando Haddad (PT).
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.